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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mídias...



A propaganda acima não existe! Pelo menos, não desta forma. Sensacionalismos à parte, o uso das mídias na educação das crianças é um debate que ainda precisa entrar num consenso.

O psicólogo britânico Aric Sigman, durante uma conferência no Royal College of Paediatrics and Child Health que aconteceu em Glasgow, na Escócia pediu aos pais que retomem o controle de seus lares. O especialista afirma que gerações de crianças correm o risco de ficar viciadas em TV, computador e outros aparelhos eletrônicos.

Sigman coletou e analisou resultados de estudos em áreas como cardiologia, neurofarmacologia e obesidade infantil. De acordo com o especialista, quando completar sete anos, uma criança nascida hoje terá passado o equivalente a um ano inteiro, 24 horas por dia, em frente a alguma tela. O autor citou também estudos que associaram o hábito de ver TV ou de outras telas a riscos maiores de a pessoa desenvolver diabetes e doenças cardiovasculares.

"Ser um pai passivo em relação às novas mídias é uma forma de negligência e não atende aos interesses das crianças." 
 
... e mídias.



A escocesa Martha Payne, de apenas 9 anos, provocou mudanças na alimentação de sua escola depois de fazer um blog que teve mais de 1 milhão de visitações e acabou rendendo um tuíte de apoio do conhecido chef Jamie Oliver.

Com a permissão da escola, a menina fotografava seus lanches e postava as fotos diariamente em seu blog "Never seconds" ("Nunca repetir o prato", em tradução adaptada), com comentários e notas sobre a comida. Entre os aspectos avaliados pela menina, estão a qualidade da comida, a quantidade de "garfadas" em uma porção e o número de fios de cabelo encontrados.
A ideia de criar o blog surgiu a partir de um trabalho escolar. "Ela chegou dizendo que queria escrever como uma jornalista todos os dias e achamos que um blog seria a melhor ideia", conta o pai.

O governo local se viu numa saia justa e passou a adotar outras medidas nas refeições escolares. "Pela primeira vez eu vi no almoço tomates-cereja, rabanetes, cenouras e pedaços de pepino (...) Hoje me perguntaram pela primeira vez: 'É o suficiente para você?'", escreveu a menina.
Para saber mais:

As imagens da propaganda foram tiradas daqui, daqui e daqui

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Geração Trans - Construindo Identidades

Em celebração ao Dia Internacional do Combate à Homofobia (17 de maio).


Não Gosto dos Meninos

Em celebração ao Dia Internacional do Combate à Homofobia (17 de maio).

Criando barreiras


Verde: 130 países não têm restrições para entrada, permanência e residência de soropositivos.
 
Amarelo: 46 países impõem alguma forma de restrição na entrada de pessoas com HIV.

Laranja claro: 21 países deportam pessoas quando descobrem que elas têm HIV.

Laranja escuro: 5 países exigem o diagnostico para o HIV de pessoas que solicitam o visto; e em caso de diagnóstico positivo fazem várias exigências.

Vermelho: 5 países negam  qualquer  tipo de visto para pessoas com HIV.

Segundo a Unaids, órgão das Nações Unidas que trata de questões sobre o HIV/Aids, 78 países negam ou restringem a entrada de estrangeiros soropositivos.
 
Para se ter uma ideia, países como os Estados Unidos e China, só recentemente retiraram as barreiras que tinham contra a entrada de portadores do HIV. O presidente Barack Obama pôs fim em 2010 à restrição adotada pelo seu antecessor George W. Bush, isso fez com que o país voltasse a receber, depois de 20 anos, a Conferência Internacional de Aids, prevista para ocorrer em Washington no mês de julho.

A frase usada pela Agência de Notícias da Aids é esta: “No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento da aids para qualquer pessoa, independentemente da nacionalidade.” De fato, o programa de aids no Brasil é um ótimo exemplo de universalização de direitos, mas não podemos nos esquecer que este programa, antes de ser um modelo político foi um levante popular daqueles que de alguma forma se sentiram desfavorecidos.

Recentemente, uma mãe boliviana nos confiou que gostaria de voltar para a Bolívia para tratar os dentes de seu filho, pois quando vai a um consultório odontológico tem sempre a mesma resposta de que vão ligar para agendar o atendimento, também falou dos momentos difíceis que passou quando seu filho adoeceu em solo nacional. Daí, podemos questionar para quem se dirige o direito à saúde?

Bom, quando vemos a notícia sobre a restrição dos países com os portadores do HIV/Aids, isso nos faz pensar que estas barreiras são erguidas através de dogmas, preceitos ou “saberes”, contra aqueles que  são tomados como possíveis ameaças. O problema é que muitas destas ameaças não estão no outro.




segunda-feira, 14 de maio de 2012

Soropositivas também podem ter filhos saudáveis

O desejo de ser mãe é um sonho para muitas mulheres. Esse sonho vale também para mulheres soropositivas, já que toda pessoa, independentemente de viver ou não com aids, tem direito de decidir se quer ter filhos ou não, quantos e em que momento da vida. O acesso universal ao tratamento do HIV possibilitou um novo cenário para mulheres com o vírus da aids que desejam se tornar mães. A queda nas taxas de transmissão vertical (de mãe para filho) do HIV é uma realidade que anima as soropositivas.

As tecnologias atualmente disponíveis e recomendadas no Brasil são capazes de reduzir o risco de transmissão vertical para menos de 1%. Entre 2008 e 2009, cerca de 6 mil mulheres que sabidamente viviam com HIV engravidaram. Havendo desejo de paternidade ou maternidade, é necessário estabelecer um planejamento conjunto. Para aqueles casais que desejam ter filhos pelos métodos naturais, é importante não ter infecções genitais (como, por exemplo, DST), apresentar estabilidade imunológica, boa adesão ao tratamento e carga viral indetectável. No Brasil, aproximadamente 80% das pessoas com aids se encontram na faixa etária reprodutiva.

Esther Vilela, coordenadora do departamento de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, explica que as mulheres que se encontram nessa situação podem contar com o Sistema Único de Saúde (SUS). “Hoje, a aids não é uma doença que mata como antes. Há condições de monitorar essa gravidez, apesar de ser de alto risco. A medicina lida com isso e tenta levar o máximo de segurança possível a essa mulher. Se forem tomadas as medidas necessárias, a transmissão vertical é reduzida bastante”, afirma.

De acordo com a coordenadora, o SUS hoje conta com cerca de 200 maternidades habilitadas de alto risco. As mulheres com HIV e outros problemas de saúde mais complexos são acompanhadas nessas unidades. “No plano de ação da Rede Cegonha estamos fazendo um desenho da rede, para que os médicos encaminhem as mães para as unidades mais próximas. O corpo de profissionais nessas unidades é maior e tem mais especialistas”, aponta Esther Vilela.

Etapas – A primeira coisa a fazer para decidir sobre a gravidez nesses casos é conversar com o médico do Serviço de Assistência Especializada em HIV/Aids (SAE) que realiza o acompanhamento da mulher. Ele vai avaliar a condição imunológica dela para planejar o melhor momento clínico para que a gravidez ocorra com menos risco de transmissão para o bebê.

Se as condições estiverem favoráveis e for comprovada a ausência de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), o médico vai conversar com a mãe e o pai para decidirem a forma da concepção. De acordo com Andrea Rossi, consultora técnica do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, a orientação mais fácil e sem riscos para casais sorodiscordantes (quando um apenas é positivo para HIV) é a autoinseminação. “Com a coleta do sêmen masculino, a mulher pode introduzi-lo na vagina por meio de uma seringa. Isso não traz riscos para o parceiro”, afirma.

Para os casais soroconcordantes, a orientação é que tenham relação sexual apenas em período fértil. Caso a mulher siga todas as orientações, faça o acompanhamento pré-natal, tome antirretrovirais durante a gestação e na hora do parto e não amamente o bebê após o nascimento, reduzirá em até 99% o risco de transmissão do HIV. Isso depende da boa adesão às recomendações.

Perto do nascimento, o médico vai avaliar a via de parto mais aconselhável. A escolha é feita pelo médico e vai depender de uma série de fatores como a situação clínica da mulher, se ela tem outra doença e se está com DST. No entanto, a prática mais segura, em todo caso, é a cirurgia cesariana. Todos os procedimentos, bem como os medicamentos antirretrovirais, são oferecidos pelo SUS.

Elas adotaram uma criança com HIV

Werther Santana/AE
Conceição, com a filha no colo: 'Me apaixonei'

Na fila da adoção, crianças soropositivas são rejeitadas. Mas o desejo de ser mãe se impôs a essas três mulheres, que enfrentaram o preconceito e contam por que jamais se arrependeram dessa escolha

13 de maio de 2012 | 3h 06 - Estadão
 
SÃO PAULO - Uma delas é negra, a outra tem deficiência mental e o garoto foi rejeitado por outros pretendentes na fila de adoção. Além disso, os três são soropositivos, o que, num primeiro momento, poderia espantar muitos candidatos a pais.

Pelas estatísticas, dificilmente essas crianças conseguiriam ser acolhidas numa família, mas elas contrariaram as estimativas e encontraram um lar graças à força e à coragem de três mulheres, que não mediram esforços para que essas crianças tivessem alguém para chamar de mãe.

Elas enfrentaram os amigos, a família, superaram todos os preconceitos e decidiram adotar essas crianças que costumam ser as mais rejeitadas entre as que aguardam a chance de ganhar um novo lar. Seus caminhos se cruzaram no Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, referência no tratamento de HIV/aids no País. Conheça, aqui, a história de cada uma delas.

Dados do Cadastro Nacional de Adoção, da última quarta-feira, apontam que há 5.215 crianças aptas a serem adotadas no País. Dessas, 1.206 possuem algum tipo de doença (tratável ou não) e alguma deficiência física ou mental. E 144 têm o vírus HIV.

Sociedade. A dona de casa Conceição Aparecida da Silva, de 47 anos, conheceu a filha Fernanda, hoje com 21 anos, quando ela tinha 7. Conceição trabalhava como voluntária em um abrigo e era acompanhante da menina quando ela ficava internada. Vítima de paralisia cerebral ao nascer e portadora do vírus HIV, a criança não fala e não anda.

Fernanda morava no abrigo porque sua mãe trabalhava o dia todo e não tinha como cuidar exclusivamente dela. O pai, um libanês, a registrou como filha, mas nunca a quis. Foi embora quando ela tinha 2 anos.

Durante quase três anos, Conceição criou laços com Fernanda porque dormia todas as noites com ela no hospital durante as internações. Algumas vezes a levava para passar o fim de semana em sua casa para brincar com seu filho, Diogo. "Ela não fala, não anda, mas a gente se comunica com gestos, com o olhar. Me apaixonei por ela", conta.

O abrigo em que Fernanda vivia fechou e ela foi transferida para Guaratinguetá (SP). Por causa da distância, Conceição não pôde continuar vendo a menina, mas ligava com frequência.

Seis meses depois, Conceição recebeu uma ligação desesperada do abrigo: a mãe de Fernanda havia morrido e a menina, deprimida, não queria mais tomar a medicação anti-HIV.

"Peguei um ônibus e fui para lá. Ela estava super debilitada. Ao me ver, ela abriu um sorriso que não dá nem para explicar. Peguei ela no colo, a abracei e falei: 'Vou voltar para te buscar'."

A assistente social do abrigo fez uma carta para o juiz e Conceição pediu uma semana para conversar com o filho, que na época tinha 11 anos, e pedir demissão no trabalho para dedicar-se exclusivamente à menina.
"Fui ao fórum, levei toda a papelada e o juiz me deu a guarda provisória por um ano. Ele queria ver se eu daria conta de cuidar de uma criança especial."

Na semana seguinte, Conceição foi buscar a menina. Voltou com ela no colo, com a sensação de dever cumprido. "Não poderia deixar essa menina morrer doente e sozinha num abrigo."

Conceição diz que, num primeiro momento, enfrentou resistência das pessoas. "Muita gente me censurou. Me chamavam de louca, diziam que eu ia acabar com minha vida adotando uma criança doente."

Os anos passaram, as pessoas se acostumaram e Conceição não se imagina longe dela. A única dificuldade, diz, é que Fernanda hoje é uma moça teimosa que não quer mais tomar remédios. "Fora isso, minha filha é linda."

Aprendizado. A gerente de RH Patrícia*, de 40 anos, sempre quis ter filhos, mas tinha dificuldades para engravidar. Perdeu dois bebês nos primeiros meses de gestação e, por isso, entrou na fila de adoção. Antes, porém, teve de convencer o marido. "Teve todo um processo de aceitação por parte dele. Frequentamos grupos de adoção e conversamos muito até chegar nessa decisão", diz Patrícia.

O casal se cadastrou na fila de adoção e fez as exigências que a maioria faz: queria um bebê branco, saudável, o mais novo possível. Mesmo com as exigências, o casal recebeu consultas sobre adotar crianças com alguma deficiência, mas não quis. Três anos depois, adotaram Guilherme*, o primeiro filho, saudável. 

"Quando ele chegou, com apenas 9 meses, meu marido se apaixonou. Eu estava pronta para ser mãe e ele, para ser pai", diz.

Um ano depois, porém, o casal decidiu que Guilherme teria um irmão. Patrícia e o marido voltaram a se candidatar, desta vez sem restrições. A única exigência é que queriam uma criança mais nova do que Guilherme.

Assim, o processo correu mais rápido. O casal recebeu uma ligação em que ofereciam Eduardo*: um bebê de 11 meses, portador do vírus HIV. O casal foi ao fórum conhecê-lo, o marido de Patrícia mais uma vez se apaixonou, mas eles não o levaram para casa porque outra pessoa disputava a guarda da criança.

Dois meses depois, o marido de Patrícia sonhou com Eduardo. Ele tinha de adotá-lo. O casal ligou no fórum para ver se o bebê ainda estava disponível. Estava. O processo estava parado porque o bebê fora internado. "Meu marido falou: 'Nosso filho está sozinho, internado, sem ninguém para cuidar dele. Vamos buscá-lo'", contou Patrícia.

Sem pensar duas vezes, o casal correu para o fórum e deu entrada na papelada pedindo a guarda de Eduardo, mesmo sabendo que ele estava com a saúde debilitada. "Se pudéssemos dar um dia de vida em família para essa criança já estava bom", diz.

Patrícia e o marido enfrentaram resistência dos familiares, que achavam que a adoção de uma criança doente ia expor o outro filho deles a uma possível "perda precoce". No primeiro ano pós-adoção, Eduardo foi internado com frequência e teve de receber sangue oito vezes.

Hoje, aos 6 anos, o garoto toma três comprimidos a cada 12 horas e faz acompanhamento de quatro em quatro meses. "Era para ser. Ele nos ensina muito mais do que nós a ele", diz Patrícia, que pensa em adotar uma menina.

*Os nomes foram trocados

Abandono. Era o fim de uma madrugada fria de 1998 quando a aposentada Rosa Maria Alvarenga, de 63 anos, ouviu vários tiros no bairro onde mora, na zona leste de São Paulo, e resolveu sair de casa para ver o que estava acontecendo.

Descobriu que os vizinhos, que eram envolvidos com tráfico de drogas, haviam sido assassinados dentro de casa, na presença dos três filhos pequenos: uma menina de 7 meses, um menino de 5 anos e outro de 7.

As crianças choravam assustadas e, então, Rosa não pensou duas vezes: pegou a neném no colo, agarrou as outras duas crianças pelas mãos e as levou para sua casa. "Fiquei com medo que os bandidos voltassem para terminar o serviço."

Rosa, que já tinha três filhos adultos e nove netos, decidiu então que cuidaria daquelas crianças enquanto os avós não fossem buscá-las.

Cinco meses após a tragédia, as duas avós apareceram para buscar as crianças, mas não da forma como Rosa imaginava. Elas decidiram quem ficaria com cada um dos meninos, mas rejeitaram a menina - Luana - porque ela era soropositiva. "Nenhuma delas quis levar a menina por causa da doença. Foram embora e raramente os irmãos entram em contato com a Luana. Eu não podia abandonar uma criança só porque ela tem uma doença", diz Rosa.

Adoção. Diante do abandono das avós, a aposentada continuou cuidando de Luana informalmente, como se fosse uma filha legítima.

Com o tempo passando, porém, Rosa percebeu que era preciso regularizar os documentos da menina, até mesmo para poder viajar e dar continuidade ao tratamento contra o HIV.

Decidiu, então, ir ao fórum para pedir a guarda de Luana. O juiz chamou as duas avós para confirmar se elas realmente estavam abrindo mão da criança e, diante da resposta positiva, passou a guarda definitiva a Rosa, que recebeu apoio total da família quando tomou a decisão de adotar a menina. "Foi muito rápido e fácil."

Desde então, Rosa criou Luana como filha legítima, mesmo sobrevivendo com uma renda de 1 salário mínimo por mês. A menina a chama de mãe, mas sabe de toda a sua história - embora não tenha recordações do dia porque era um bebê.

Por conta da doença, Luana teve de ser internada em várias ocasiões - em uma delas ficou por quatro meses no hospital.

Ela também precisa tomar 16 comprimidos por dia para controlar a evolução do vírus. A menina é acompanhada no Instituto Emílio Ribas, onde faz os exames frequentes. "Ela está super bem, tem gente que nem acredita. Às vezes ela não toma os comprimidos direito, joga fora escondido de mim. Ela é um pouco teimosa, mas é minha princesa", diz Rosa.

Aniversário. Luana, que hoje tem 14 anos, sempre foi ótima aluna e nunca repetiu de ano. Na escola, os professores sabem da sua condição de saúde e avisam Rosa quando acontece alguma coisa. "É uma aluna exemplar e nunca deu trabalho", diz a mãe.

Rosa diz que hoje em dia a menina não pensa em outra coisa que não seja a festa para comemorar seus 15 anos, em setembro. O evento, programado para 150 convidados, será feito em um salão de festas do bairro, com direito a bufê e valsa.

"Paguei o aluguel de parte do salão e já tem até o DJ. O cabelo e a maquiagem ela ganhou de uma vizinha, que tem um salão de beleza. A maior preocupação dela agora é que roupa usar no grande dia", diz a mãe. 

"Somos super companheiras. E sou capaz de fazer qualquer coisa pela felicidade da minha filha."
 

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Cartunista que se veste de mulher quer usar o banheiro feminino


Ao final da reportagem o jornalista Chico Pinheiro sugere a opção de se ter 3 banheiros. Ora, na França os banheiros dos bares, restaurantes e afins são um só. Homens, mulheres e as demais variações entravam numa mesma porta e lá dentro cada um se orientava. Lavar as mãos? Tudo num mesmo lugar.

Devolvam a obra do Laerte!


O cartunista Laerte, nosso vizinho de bairro, teve sua casa assaltada no dia 1º de maio. Segundo o cartunista, que estava viajando quando o crime aconteceu, os assaltantes arrombaram o imóvel, situado no Rio Pequeno, Zona Oeste de São Paulo, e levaram dois computadores e um HD externo que continham arquivos guardados desde 2000.

Perdi uma parte importante da minha memória de trabalho. Reunir isso de novo é um trabalho de garimpagem. Vou ver o que encontro em CDs, em mídias antigas, e vou tentar conversar com as pessoas e ver lugares em que trabalhei para tentar conseguir esses arquivos. Uns são possíveis [de recuperar], mas outros, não”, disse.

Laerte é conhecido por seu trabalho com os quadrinhos e recentemente vêm causando polêmica devido à prática do crossdressing (termo referente às pessoas que se vestem da mesma maneira que o sexo oposto).

Pra saber mais:




Jovens são homenageados por sua iniciativa na luta contra a aids


Os jovens responsáveis pelo projeto Manual de SobrevHIVência no Ambiente Escolar participaram de um encontro no dia 28 de abril realizado pela Ashoka onde foram reconhecidos pela excelente iniciativa na luta contra a aids.

O projeto já fora premiado anteriormente através da campanha “Juventude e HIV/Aids: Assuma a liderança!”, lançada em 2011 pela Ashoka e MTV América Latina. A campanha recebeu cerca de 40 inscrições de projetos no Brasil, dos quais 14 foram premiados com até R$ 1.200 para transformar suas ideias em projetos reais, durante nove meses.

De todos os projetos vencedores o Manual é um dos únicos que aborda a aids do ponto de vista do portador, os demais voltam-se à prevenção do HIV. Com grande potencial, os integrantes do Manual de SobrevHIVência no Ambiente Escolar ainda precisam amadurecer algumas ideias e, para isso é preciso incentivo, iniciativa e claro, dedicação.

Como diria Harry Potter: Alohomora!


Jovens que ‘assumiram lideranças’ contra a aids são homenageados durante evento em São Paulo

28/04/2012 - 16h

__Debate sobre prevenção do HIV abre o evento de homenagem aos premiados da camapanha "Juventude e HIV/Aids: Assuma a liderança!”

Alguns vestem calças pretas folgadas. Outros justas e coloridas. Há os que preferem o cabelo raspado, mais discreto, mas há também aqueles que adotam os estilos moicano ou “Neymar”. Alguns são extrovertidos e falantes. Outros tímidos e observadores. Há negros, brancos, mulatos, heterossexuais, homossexuais...

A enorme diversidade presente num pequeno grupo de adolescentes e jovens, reunidos pela organização mundial Ashoka neste sábado, 28 de abril, em São Paulo, demonstra que para se obter melhores resultados na educação sexual desta população é preciso adotar diversas estratégias com linguagens bem personalizadas.

E é isto que está buscando a campanha “Juventude e HIV/Aids: Assuma a liderança!”. Lançada em 2011 pela Ashoka e MTV América Latina, a campanha recebeu cerca de 40 inscrições de projetos no Brasil, dos quais 14 foram premiados com até R$ 1.200 para transformar suas ideias em projetos reais, durante nove meses.

Neste sábado, aproveitando a presença em São Paulo da vice-presidenta da MAC Aids Fund, Andrea Flynn, organização que financia a campanha, nove dos 14 jovens premiados foram homenageados durante evento realizado na sede do Projeto Quixote no bairro da Vila Mariana.

“Estou muito feliz em estar aqui e poder ver de perto que este trabalho está rendendo bons frutos”, disse Andrea.

Nayane Assis, de 18 anos, foi uma das homenageadas. Ela coordena o projeto Acorda Menina nas periferias de São Paulo. “Nossa ideia surgiu em 2009 devido ao excesso de adolescentes grávidas”, contou.

Filippo Almeida, do Grupo de Adolescentes Multiplicadores (GAM), foi premiado por promover ações de prevenção às DST/aids de adolescentes para adolescentes nas escolas de São José dos Campos, interior do Estado. “Esta homenagem nos motiva a continuar trabalhando”, disse.

Foram ainda homenageados os adolescentes Lucio Nascimento (Projeto OPS), Felipe Gonzales (Manuel de SobrevHIVência no Ambiente Escolar), Rafael Cavalcante (Chute pela Vida), Andre Bizzi (Navegando com Saúde na Internet, Graciele Oliveira (Projeto Makunaima), Jéssica Delcarro (Tod@s Alerta); e Felipe Rima (Batuque do Coração).

O ativista Beto de Jesus, da associação Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada (EPAH), participou do evento falando aos jovens sobre os riscos e os meios de prevenção do HIV.

O encontro contou ainda com oficinas que expos alguns dos projetos premiados e a exibição de um documentário produzido pela MTV América Latina para visibilizar as melhores práticas realizadas por jovens latinoamericanos nas áreas de prevenção ao HIV, garantia de direitos e combate à doença.

Lucas Bonanno

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Quem tem direito à vida?


Na Edição 43 do Para Compartilhar, postamos a decisão do Supremo Tribunal Federal com relação ao aborto em casos de anencefalia. A partir deste post, gostaríamos de propor algumas reflexões.

O que é a anencefalia?
 
Uma estimativa aponta que a anencefalia ocorre em cerca de 4 a cada 10 mil nascidos, em muitos casos ocorre o aborto natural, tornando estes números aproximados. Também chamada de aprosencefalia, a anencefalia é a ausência de grande parte do cérebro e do crânio, ou seja, trata-se de um defeito do tubo neural que ocorre entre o 16º e 26º dias da gestação. Esta malformação fetal envolve o tecido que cresce dentro do cérebro e da medula espinhal, nestes casos o bebê pode apresentar algumas partes do tronco cerebral funcionando o que garante apenas algumas funções vitais, oferecendo ao bebê uma expectativa de vida muito curta, de algumas horas ou dias.

A anencefalia pode ser diagnosticada na 12ª semana de gestação, identificada com a ajuda de teste sorológico de ácido fólico pré-gravidez, amniocentese (feito na mãe para determinar se os níveis aumentados de alfa-fetoproteína estão presentes), checagem dos níveis de alfa-fetoproteína durante a gravidez (níveis aumentados sugerem defeito no tubo neural), checagem dos níveis de estriol na urina durante a gravidez e ultrassom para confirmar o diagnóstico
.
As possíveis causas desse fenômeno incluem toxinas ambientais e deficiência de ácido fólico (também conhecido como vitamina B9 ou M, necessário para a formação de proteínas estruturais e hemoglobina) durante a gravidez. Fatores genéticos também podem predispor a anormalidade. Mães diabéticas têm seis vezes mais probabilidade de gerar filhos com anencefalia, da mesma forma, mães jovens ou com idade avançada também têm o risco aumentado
.
Não há tratamento para a anencefalia, mas pode-se atuar na prevenção. A futura gestante deve tomar ácido fólico três meses antes de engravidar e nos 3 primeiros meses de gestação. O suplemento é ingerido em forma de pílulas e complexos vitamínicos específicos para gestantes, a quantidade indicada pela Organização Mundial de Saúde é de 0,4 miligramas por dia de ácido fólico.

Prós e contras
Argumentos prós

  • O feto anencéfalo é considerado natimorto. Apesar da morte cerebral, o coração pode continuar a bater por algumas horas após o nascimento;

  • Trata-se de uma gestação de alto risco, onde há a maior ocorrência de problemas como eclampsia (caracterizada por convulsões) e embolia pulmonar (obstrução das artérias dos pulmões por coágulos;
 
Argumentos contras

  • Mesmo sem chance de sobrevivência, o feto anencéfalo é uma vida inviolável;

  • O feto dentro da barriga já tem a garantia de seus direitos. A interrupção da gravidez  é uma violação destes direitos;

Discussão
Para melhorar um pouco nossa reflexão, convidamos uma Mãe para oferecer um relato sobre sua gravidez, neste caso de um bebê com anencefalia (trocamos os nomes por uma questão de privacidade). Confira:

“Foi minha segunda gravidez e apesar de não ser planejada, o bebê foi muito bem-vindo. Assim que tivemos a confirmação, através do exame de sangue, contamos para todos os parentes e amigos. Afinal, o Fernando pedia sempre um irmãozinho e então, a alegria foi grande. Estava sozinha quando fui fazer o ultrassom pela primeira vez. A médica ficou em silêncio e depois me contou do que se tratava e os detalhes. Indicou outro colega especialista para melhor orientação e no mesmo dia repeti o exame num hospital renomado. Confirmada a anencefalia, eu e meu marido ficamos sem saber o que fazer.

Tanto o médico que confirmou o exame, quanto meu ginecologista, nos informou que as chances de sobrevivência eram inexistentes e que nesses casos a indicação seria a interrupção da gravidez, inclusive também por comprometer a saúde da mãe.

Estávamos bem confusos quanto à melhor maneira de agir. Era a dualidade de sentimentos de distinguir o que é certo e errado. Então procuramos a Escola Paulista pela excelência no tratamento de casos de anencefalia.  Lá, eu e meu marido tivemos apoio psicológico e depois de muita reflexão resolvemos entrar com o pedido junto ao Ministério Público para a interrupção da gravidez.

Com a autorização dada, ainda no início da gestação, fiquei internada durante 10 dias no hospital e mesmo com a dosagem extrema do medicamento não houve resposta. Dentro dessa nova situação, decidimos levar a gravidez normalmente até a 35ª semana onde então se fez necessário o parto por conta dos riscos à minha saúde. Mantive toda rotina de consultas médicas, exames e de tratamento psicológico.

Durante minhas consultas com os psicólogos fui amadurecendo sobre como seria meu contato com o bebê na hora do seu nascimento. Fizemos visita à maternidade e no momento do nascimento contamos com uma equipe bem humanizada. Assim que o Hermano nasceu foi trazido para junto de mim e tivemos um pequeno, mas importante momento. Ficou vivo por 3 horas.

Temos o Fernando, hoje com 10 anos, e eu com 40 anos decidi não arriscar uma nova gravidez.

Acho que a única pessoa apta a tomar uma decisão é a mãe. Cabe a ela avaliar os riscos e seguir ou não em frente com a gravidez. E seria muito importante ter uma legislação definida para estes casos. Ninguém quer esbarrar na burocracia e lentidão de análises de processos. No meu caso tivemos o auxílio de um defensor público que nos ajudou, pelos meios legais, a conseguir a autorização. Não me arrependo de ter optado pela interrupção, pois é necessário muito preparo psicológico para lidar com os danos emocionais além da iminência de risco de morte para mãe durante todo período de gestação.

A mãe orientada pela equipe médica e respaldada pela legislação tem o direito único e intransferível de decidir pela interrupção ou não da gravidez de anencéfalo.”
 
Mesmo com o respaldo da Lei, tocar adiante ou interromper uma gravidez vai muito além de um discurso médico-científico, de um moralismo religioso, ou de uma autorização judicial. Claro que todos estes saberes podem somar na hora de se tomar uma decisão. Contudo, é preciso dar voz aos principais envolvidos e, talvez o mais importante, é garantir que não se está sozinho.
De novo, e agora você responde: QUEM TEM DIREITO À VIDA?