Pesquisar este blog

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Por uma vida melhor! ...melhor para quem?


A educadora Carla (Anima Jovem) compartilhou na semana passada um email com o seguinte assunto: “Petição - Contra a lei que proíbe a leitura de Guimarães Rosa na escola”.
Bom, fomos atrás da informação e, de fato, existe um Projeto de Lei em Minas Gerais do deputado Bruno Siqueira (PMDB) que “proíbe a distribuição, na rede de ensino pública e privada do Estado de Minas Gerais, de qualquer livro que contrarie a norma culta da língua portuguesa.
O Projeto não se aplica apenas a “livros didáticos, paradidáticos ou literários” que, supostamente “violem de alguma forma o ensino correto da gramática”, mas abrange também a conteúdos que apresentam “elevado teor sexual, com descrições de atos obscenos, erotismo e referências a incestos ou apologias e incentivos diretos ou indiretos à prática de atos criminosos.

O deputado critica o livro “Por uma vida melhor”, da ONG Ação Educativa, distribuído em algumas escolas pelo Ministério da Educação. O tal livro defende a forma popular de falar como alternativa à norma culta da língua portuguesa, desta forma, enfatiza-se a necessidade de se trocar os conceitos de “certo e errado” por “adequado e inadequado”. Os autores argumentam que este é destinado à Educação de Jovens e Adultos e, o capítulo que suscitou a questão, chamado de “Escrever é diferente de falar”, propõe apresentar as diferenças entre a norma culta e as variantes que se aprende até chegar a escola. Assim, frases como “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado”, podem ser empregados em locais e momentos próprios. Neste capítulo, argumenta-se ainda sobre o uso de um tipo ou outro da língua a partir do lugar social que se ocupa: “As classes sociais menos escolarizadas usam uma variante da língua diferente da usada pelas classes sociais que têm mais escolarização. Por uma questão de prestígio —vale lembrar que a língua é um instrumento de poder—, essa segunda variante é chamada de ‘variedade culta’ ou ‘norma culta’, enquanto a primeira é denominada ‘variedade popular’ ou ‘norma popular’”.  

Nem todos pensam assim. Siqueira faz uso da nota publicada pela Academia Brasileira de Letras (ABL) que critica não apenas o livro, mas também sua utilização em salas de aula. Num outro artigo publicado na ABL, afirma-se que "livros como esse reforçam a exclusão social", e ainda, “quando o aluno assim (des)preparado for levado a um teste de emprego, sem falar em concursos, será logo discriminado” (sic).

Questão: (des)preparado para quê? Vale a pena acompanhar a leitura do trecho de “Contos Negreiros”, de Marcelino Freire.


 
Bom, finalizamos concordando com a jornalista Eliane Brum: para se dizer “os livro” ninguém precisa de escola. É óbvio que a língua, como coisa viva que é, também é política. Mas a política de inclusão contida no texto do livro pode estar equivocada. E a discussão sobre o tema, seja de um lado ou de outro, poderia ser mais interessante se fosse menos sobre política – e mais sobre educação.

Quem já pediu “um chopps e dois pastel” levante a mão...  \o

Para saber mais:


Nenhum comentário:

Postar um comentário