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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Admirável Mundo Novo*


“Estudantes Brasileiros Preferem Navegar na Internet a Namorar”

Pesquisa foi feita junto 1.441 estudantes de todo o mundo. Brasileiros também consideram a internet tão importante quanto o ar.

23/09/2011 - Da redação da revista Ache Seu Curso

Uma pesquisa divulgada (...) pela empresa Cisco apurou o comportamento de 1.441 estudantes (de 18 a 23 anos) e 1.412 jovens profissionais (com menos de 30 anos) em relação ao uso da tecnologia e suas rotinas. Concluiu que a maior parte dos estudantes brasileiros considera a internet mais importante do que namorar, sair com os amigos ou ouvir música (72% deles) (...). A pergunta feita na pesquisa aos estudantes foi: "Qual das opções a seguir é a mais importante para você em sua vida diária". As opções eram internet, sair com amigos ou ir a festas, namorar, ouvir música ou nenhuma das anteriores, e os estudantes podiam escolher apenas uma opção.

A pesquisa também apurou que um em cada três universitários e jovens profissionais (33%) considera a internet um recurso essencial para o ser humano, assim como ar, água, alimento e moradia. Entre os estudantes brasileiros ouvidos na pesquisa, porém, o índice é bem maior: nada menos que 65% deles atribui à internet tanta importância quanto aos demais itens. Entre os jovens profissionais brasileiros, o índice também é bem alto: 61%.  O relatório, chamado Cisco Connected Technology World Report de 2011, ouviu pessoas em catorze países (cerca de 200 jovens por país).



Fiquei impressionado com os resultados dessa pesquisa. Apesar de sabermos que a Internet tem cada vez mais importância na vida das pessoas, esses dados nos questionam: até que ponto as Gerações Y** e Z*** –nossos filhos, sobrinhos, afilhados e outras crianças, adolescentes e jovens a quem amamos – estão preparadas para uma navegação segura, responsável e consciente nos diversos websites (páginas Internet), chats (bate-papos), redes sociais (Facebook, Twitter, Orkut etc.), e-mails? De onde deveria vir esse preparo?

Também poderia especular quanto às possíveis conseqüências psicológicas ou sociológicas (positivas ou não) desse uso e importância exacerbados à Internet na formação e comportamento dos jovens, mas deixarei essa análise aos respectivos especialistas ou ao futuro. Apesar de estar tentado a debater sobre o equilíbrio ou a opinar sobre o quão saudável ou não é preferir acessar o mundo pela Internet e ser nele o que se quer ao invés de tocá-lo e vivê-lo presencialmente entre pessoas de carne e osso, vou me concentrar nas questões de segurança.

Fato é que, para as gerações mais novas, Y ou Z, o mundo é tecnológico, conectado e regado a muita informação. Não conseguem imaginá-lo sem Internet, telefones celulares, computadores, iPads, iPods, videogames com gráficos exuberantes, televisores e vídeos em alta definição.

Um colega de área no Banco afirmou há poucos dias, no seu perfil no Facebook: “Sim, eu tenho vida fora do Facebook! Só não lembro a senha...” (rsrsrs). De autoria dele ou não, essa afirmação sintetiza parte do que expus acima.

Passamos de uma era em que “aniversariantes levavam ovadas, o pão francês era R$0,10, o "peraí mãe" era pra não sair da rua (e não da Internet ou vídeo-game), e crianças colecionavam figurinhas e papel de carta; brincávamos de elástico, de amarelinha, de bolinha de gude, de pega-pega, de esconde-esconde, mãe-da-rua, queimada, tocava-se a campainha do vizinho e corria...” para a era da abertura e compartilhamento na Internet, a partir de computadores e modernos dispositivos móveis: publicamos ao mundo o que estamos fazendo, onde estamos, nossas fotos e as de nossa família, nossa agenda pessoal, nossos pensamentos, nossas opiniões...

Não podemos deixar de nos informar e nos atualizar, para conversar com nossas crianças e jovens sobre os perigos que se escondem por trás daquele nickname (apelido) da sala de bate-papo (quem realmente está do outro lado e com quais intenções?), abrir a webcam para qualquer um é normal (ninguém vai gravar nossas imagens do outro lado e usá-las depois?), clicar em qualquer link de cartão de amor, promoção e fotos de um suposto amigo que te achou é tranqüilo (ou pode ser uma armadilha para a entrada de vírus e cavalos-de-tróia que vão destruir ou roubar suas informações?), xingar, inventar estórias e denegrir a imagem daquele(a) menino(a) chato(a) ou de jeito estranho no perfil de uma rede social “não pega nada” (ou pode ser considerado calúnia, injúria e/ou difamação?), posso entrar naquele ou noutro site de apologia ao crime, ao preconceito e discriminação e deixar uma opinião anônima de apoio (ou tudo isso fica registrado, pode ser trilhado e jovens e pais podem ter que responder pelos atos?). Enfim, há muita necessidade de conscientização de crianças e jovens, a começar por mim, a começar por você.

Uma nuance desse assunto é o fato de que até pouco tempo criávamos nosso perfil de Orkut e Facebook sem muitos controles. Por conta de superexposição de dados, imagens, vídeos, aproveitamento de informações por inimigos ou pela criminalidade, cada vez mais surgem controles que possibilitam fechar cada vez mais nosso perfil ao mundo. Mas afinal, a finalidade não era o compartilhamento? Se meu perfil não pode mais ser visto, então qual a finalidade dele?

Além das perguntas que fiz no primeiro parágrafo, questiono também: qual a justa medida entre segurança e confiança, se é que existe? Existe ponto de equilíbrio entre privacidade e controles restritivos? Ou cada caso é um caso? Mas quais parâmetros levar em conta ao analisar cada situação, em um mundo em que os valores e preocupações de uma geração já não parecem (cor)responder aos ideais e realidade da outra? O ponto-chave seria ponderarmos melhor aquilo que queremos tornar público, pensando antes nos objetivos e conseqüências?

Rodrigo Alencar Campos
Segurança da Informação
 
* Texto gentilmente cedido pelo autor.
** Também chamada geração do milênio ou geração da Internet, engloba os nascidos após 1980 e, segundo outros, de meados da década de 1970 até meados da década de 1990, sendo sucedida pela geração Z. Essa geração cresceu numa época de grandes avanços tecnológicos, vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas. Em um mundo competitivo, lutam por ascensão profissional desde cedo. Por outro lado, preocupam-se com questões de sustentabilidade e futuro do planeta.
*** Nascidas desde a segunda metade da década de 90 até os dias de hoje, são conhecidas por serem nativas digitais, estando muito familiarizadas com a Internet, compartilhamento de arquivos, telefones móveis e mp3 players, não apenas acessando a internet de suas casas, e sim pelo celular, ou seja, extremamente conectadas à rede.

A imagem foi tirada daqui.

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