“Estudantes
Brasileiros Preferem Navegar na Internet a Namorar”
Pesquisa foi feita
junto 1.441 estudantes de todo o mundo. Brasileiros também consideram a
internet tão importante quanto o ar.
23/09/2011 - Da
redação da revista Ache Seu Curso
Uma pesquisa
divulgada (...) pela empresa Cisco apurou o comportamento de 1.441 estudantes
(de 18 a 23 anos) e 1.412 jovens profissionais (com menos de 30 anos) em
relação ao uso da tecnologia e suas rotinas. Concluiu que a maior parte dos
estudantes brasileiros considera a internet mais importante do que namorar,
sair com os amigos ou ouvir música (72% deles) (...). A pergunta feita na
pesquisa aos estudantes foi: "Qual das opções a seguir é a mais importante
para você em sua vida diária". As opções eram internet, sair com amigos ou
ir a festas, namorar, ouvir música ou nenhuma das anteriores, e os estudantes podiam
escolher apenas uma opção.
A pesquisa também
apurou que um em cada três universitários e jovens profissionais (33%)
considera a internet um recurso essencial para o ser humano, assim como ar,
água, alimento e moradia. Entre os estudantes brasileiros ouvidos na pesquisa,
porém, o índice é bem maior: nada menos que 65% deles atribui à internet tanta
importância quanto aos demais itens. Entre os jovens profissionais brasileiros,
o índice também é bem alto: 61%. O
relatório, chamado Cisco Connected Technology World Report de 2011, ouviu
pessoas em catorze países (cerca de 200 jovens por país).
Fiquei
impressionado com os resultados dessa pesquisa. Apesar de sabermos que a
Internet tem cada vez mais importância na vida das pessoas, esses dados nos
questionam: até que ponto as Gerações Y** e Z*** –nossos filhos, sobrinhos,
afilhados e outras crianças, adolescentes e jovens a quem amamos – estão
preparadas para uma navegação segura, responsável e consciente nos diversos websites (páginas Internet), chats
(bate-papos), redes sociais (Facebook, Twitter, Orkut etc.), e-mails? De onde
deveria vir esse preparo?
Também
poderia especular quanto às possíveis conseqüências psicológicas ou
sociológicas (positivas ou não) desse uso e importância exacerbados à Internet
na formação e comportamento dos jovens, mas deixarei essa análise aos
respectivos especialistas ou ao futuro. Apesar de estar tentado a debater sobre
o equilíbrio ou a opinar sobre o quão saudável ou não é preferir acessar o
mundo pela Internet e ser nele o que se quer ao invés de tocá-lo e vivê-lo presencialmente
entre pessoas de carne e osso, vou me concentrar nas questões de segurança.
Fato
é que, para as gerações mais novas, Y ou Z, o mundo é tecnológico, conectado e
regado a muita informação. Não conseguem imaginá-lo sem Internet, telefones
celulares, computadores, iPads, iPods, videogames com gráficos
exuberantes, televisores e vídeos em alta definição.
Um
colega de área no Banco afirmou há poucos dias, no seu perfil no Facebook: “Sim,
eu tenho vida fora do Facebook! Só não lembro a senha...” (rsrsrs). De autoria
dele ou não, essa afirmação sintetiza parte do que expus acima.
Passamos
de uma era em que “aniversariantes levavam ovadas, o pão francês era R$0,10, o
"peraí mãe" era pra não sair da rua (e não da Internet ou vídeo-game),
e crianças colecionavam figurinhas e papel de carta; brincávamos de elástico,
de amarelinha, de bolinha de gude, de pega-pega, de esconde-esconde, mãe-da-rua,
queimada, tocava-se a campainha do vizinho e corria...” para a era da abertura
e compartilhamento na Internet, a partir de computadores e modernos
dispositivos móveis: publicamos ao mundo o que estamos fazendo, onde estamos, nossas
fotos e as de nossa família, nossa agenda pessoal, nossos pensamentos, nossas opiniões...
Não
podemos deixar de nos informar e nos atualizar, para conversar com nossas
crianças e jovens sobre os perigos que se escondem por trás daquele nickname (apelido) da sala de bate-papo
(quem realmente está do outro lado e com quais intenções?), abrir a webcam para
qualquer um é normal (ninguém vai gravar nossas imagens do outro lado e usá-las
depois?), clicar em qualquer link de cartão de amor, promoção e fotos de um
suposto amigo que te achou é tranqüilo (ou pode ser uma armadilha para a
entrada de vírus e cavalos-de-tróia que vão destruir ou roubar suas
informações?), xingar, inventar estórias e denegrir a imagem daquele(a)
menino(a) chato(a) ou de jeito estranho no perfil de uma rede social “não pega
nada” (ou pode ser considerado calúnia, injúria e/ou difamação?), posso entrar
naquele ou noutro site de apologia ao crime, ao preconceito e discriminação e
deixar uma opinião anônima de apoio (ou tudo isso fica registrado, pode ser
trilhado e jovens e pais podem ter que responder pelos atos?). Enfim, há muita
necessidade de conscientização de crianças e jovens, a começar por mim, a
começar por você.
Uma
nuance desse assunto é o fato de que até pouco tempo criávamos nosso perfil de
Orkut e Facebook sem muitos controles. Por conta de superexposição de dados,
imagens, vídeos, aproveitamento de informações por inimigos ou pela
criminalidade, cada vez mais surgem controles que possibilitam fechar cada vez
mais nosso perfil ao mundo. Mas afinal, a finalidade não era o
compartilhamento? Se meu perfil não pode mais ser visto, então qual a
finalidade dele?
Além
das perguntas que fiz no primeiro parágrafo, questiono também: qual a justa
medida entre segurança e confiança, se é que existe? Existe ponto de equilíbrio
entre privacidade e controles restritivos? Ou cada caso é um caso? Mas quais
parâmetros levar em conta ao analisar cada situação, em um mundo em que os
valores e preocupações de uma geração já não parecem (cor)responder aos ideais
e realidade da outra? O ponto-chave seria ponderarmos melhor aquilo que
queremos tornar público, pensando antes nos objetivos e conseqüências?
Rodrigo Alencar Campos
Segurança da Informação
* Texto gentilmente cedido pelo autor.
** Também chamada
geração do milênio ou geração da Internet, engloba os nascidos após 1980 e,
segundo outros, de meados da década de 1970 até meados da década de 1990, sendo
sucedida pela geração Z. Essa geração cresceu numa época de grandes avanços
tecnológicos, vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas
múltiplas. Em um mundo competitivo, lutam por ascensão profissional desde cedo.
Por outro lado, preocupam-se com questões de sustentabilidade e futuro do
planeta.
***
Nascidas
desde a segunda metade da década de 90 até os dias de hoje, são conhecidas por
serem nativas digitais, estando muito familiarizadas com a Internet,
compartilhamento de arquivos, telefones móveis e mp3 players, não apenas
acessando a internet de suas casas, e sim pelo celular, ou seja, extremamente
conectadas à rede.
A imagem foi tirada daqui.