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segunda-feira, 30 de julho de 2012

19ª Conferência Internacional de Aids


A 19ª Conferência Internacional de Aids (www.aids2012.org) realizada em Washington terminou na última sexta-feira (27) com a esperança de que o fim da epidemia é possível. Quase 24 mil pessoas de 183 países participaram da Conferência, sendo 221 brasileiros. “Vimos aqui avanços científicos, possibilidades promissoras para a cura e a participação de pessoas que vivem com HIV há pouco e há muito tempo. Gostaria agora que todos os participantes voltassem para suas casas com este sentimento de urgência que conseguirmos aqui para por fim à aids”, disse o coordenador geral do evento, Elly Katabira.

Confira alguns assuntos da Conferência:
Þ Conferência tem estudos promissores sobre cura da aids (saiba mais aqui);

Þ Ativistas brasileiros protestam em Washington contra `retrocesso` da resposta nacional contra a aids (saiba mais aqui);

Þ Homossexuais, profissionais do sexo, transgêneros e usuários de drogas são tema da Conferência Internacional de Aids (saiba mais aqui);

Þ Especialistas acreditam que crianças, adolescentes e mulheres devem ser prioridade nas ações de prevenção e tratamento (saiba mais aqui)
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Þ Cientistas apresentam pesquisa sobre novo anel vaginal na Conferência Internacional de Aids (saiba mais aqui);

Þ IAS cria grupo com cientistas de renome para encontrar cura da aids (saiba mais aqui);

Þ Em Washington, diretor do programa nacional de aids, Dirceu Greco, sugere aos EUA seguir o Brasil e criar um sistema público de saúde (saiba mais aqui);
Þ Crise econômica limita verbas para combater aids (saiba mais aqui);

Þ Em fala na Conferência Internacional de Aids, Elton John pede compaixão na luta contra a aids (saiba mais aqui);
Þ Presidente do Banco Mundial diz que avanços contra aids só foram possíveis graças aos ativistas (saiba mais aqui);

Þ Aumenta o número de pessoas recém infectadas por um tipo de HIV que é resistente aos antirretrovirais (saiba mais aqui);

Þ Bill Gates pede vacina para acabar com a aids e diz que não há dinheiro suficente para tratar todos os infectados (saiba mais aqui);

Þ Guerra dos EUA contra usuários de drogas prejudica prevenção do HIV, afirmam especialistas em Washington (saiba mais aqui);

Þ Diretor de instituto dos EUA acredita que uma geração livre da aids está dentro do alcance científico (saiba mais aqui);

Þ Novas evidências da IAS indicam para todos os pacientes com HIV o tratamento com antirretrovirais (saiba mais aqui);

Þ Manifestação em Washington pede aos EUA e outros países ricos mais comprometimento na luta contra a aids (saiba mais aqui);

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Meu reino por um marshmallow


No início dos anos 70, o psicólogo Walter Mischel realizava um experimento na Universidade de Stanford que acabou se tornando um clássico. O teste era o seguinte: uma criança de 4 a 6 anos de idade era colocada em uma sala com um marshmallow numa mesa. O pesquisador explicava à criança que ele teria de sair da sala deixando-a sozinha. Se, quando ele voltasse, a criança tivesse resistido à tentação de comer o doce, ela ganharia mais um marshmallow, caso o comesse em sua ausência, não ganharia mais nada.

Acompanhando o progresso destas crianças, o pesquisador notou que havia uma correlação entre o tempo em que elas conseguiram esperar antes de comer o doce e vários indicadores de bem-estar. Anos depois, vários dos atributos relacionados ao seu sucesso e popularidade podiam ser previstos pelo tempo a que resistiram ao marshmallow. Peso corporal, uso de drogas e até o desempenho no vestibular estavam significativamente associados ao autocontrole demonstrado diante dos doces.

A fórmula de sacrificar um ganho presente pensando em uma recompensa futura é algo que muitos de nós acabamos teorizando, mas em poucos momentos é posto em prática. Seu contrário é slogan de muitas marcas, abrangendo também estilos de vida, causas do desejo e critério econômico: JUST DO IT!

Podemos pensar em quantos de nós tem uma poupança respeitável... Poupar agora pode ser uma boa oportunidade para se pensar num processo educacional para nossos filhos, ou para nós mesmos. Aumentando essa proporção do indivíduo para o social, “temos não apenas um dos piores sistemas educacionais do planeta como também uma taxa de poupança historicamente baixa (de 18% do PIB em 2010, contra 52% na China, 32% na índia, 34% na Indonésia, 32% na Coreia do Sul, 24% no México e uma média de 30% nos países de renda média, como o Brasil, segundo dados do Banco Mundial)”, afirma o economista Gustavo Ioschpe.

O autocontrole envolve, especialmente neste caso, fechar a boca! O perfil nutricional do Brasil passou da subnutrição para o sobrepeso. Um de cada seis meninos de 5 a 9 anos de idade é obeso, segundo o Ministério da Saúde, 49% dos brasileiros tem sobrepeso.

Uma pergunta pode/deve ser feita. Podemos tomar a questão de pegar ou não um doce como imperativo para todo um futuro do sujeito, ainda mais quando se fala em desejos? Entretanto, é interessante para se fazer paralelos. No campo da prevenção, por exemplo, ainda mais agora com as últimas notícias sobre este tema (Truvada, OraQuick e leis ligadas ao HIV), pode-se pensar no tal autocontrole para se comer um doce (o duplo sentido é proposital). No mundo todo, o uso de preservativo estimado é de 6 a 9 bilhões de preservativos por ano. Mas, para proteger completamente contra as infecções sexualmente transmissíveis, estima-se que o uso deveria ser de 24 bilhões.

Independente se as causas recaiam no enfraquecimento da família, no mercado de consumo hipercapitalista, em transtornos ou disposições genéticas e, especialmente, sem fazer disso um dogma, percebe-se que o controle em adiar um ganho presente reflete também em nossos comportamentos do dia-a-dia e em como estamos dispostos a lidar com as (in)certezas do futuro. Pode ser que o pesquisador, político-partidário, esteja mentindo e não volte mais, nesse caso vale mais um pássaro na mão do que dois voando... É, temos algo para se pensar.

Para saber mais:

segunda-feira, 16 de julho de 2012

HIV e Direitos

Leis que criminalizam, discriminam e punem as populações com maior risco de contágio do HIV, como homossexuais, transexuais, prostitutas e usuários de drogas injetáveis, prejudicam o tratamento e atrapalham a luta contra a Aids.

É o que afirma um relatório divulgado na tarde desta segunda-feira (09) em Nova York, elaborado pela Comissão Global sobre HIV e Lei, ligado à ONU.

A comissão, que é apoiada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, é liderada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e formada por especialistas em políticas públicas, direitos humanos, legislação e HIV/Aids.

O texto detalha as leis ligadas ao HIV e à Aids em governos de 140 países. E mostra que, em mais de 60 deles, é crime expor outra pessoa ao HIV ou transmitir o vírus.

 
NO BRASIL

Não há lei específica que criminalize a transmissão do HIV no Brasil. No entanto, há registro de condenações por perigo de contágio venéreo, perigo para a vida ou a saúde, lesão corporal e até tentativa de homicídio.

Segundo levantamento da Abia (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids), já houve 11 sentenças condenatórias por exposição ou transmissão sexual de HIV nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

A entidade afirma que, nos anos 80 e 90, o indiciamento mais frequente ligado a casos de transmissão de Aids no Brasil era por homicídio doloso (com intenção).

Mas, segundo Marclei Guimarães, ex-assessor de projetos da Abia e um dos relatores do levantamento da entidade, há uma tendência no Brasil de julgar o ato como lesão ou crime de perigo.
Guimarães afirma que a legislação atual permite variadas interpretações.

ONGs e movimentos sociais ligados ao tema, no entanto, consideram que transmitir o vírus não pode ser considerado tentativa de homicídio. Isso porque os tratamentos existentes hoje fazem com que o HIV não seja uma sentença de morte.

Em 2008, a própria ONU recomendou a revogação de leis criminais específicas para o HIV que obriguem a revelação do status sorológico e que sejam contraproducentes para a prevenção do HIV e seu tratamento.
 
HOMOSSEXUAIS

Outro entrave para conter a pandemia da Aids, de acordo com o novo relatório, é a criminalização de atividades sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Isso ocorre em 78 países do mundo.

Essas leis e práticas desencorajam as pessoas a divulgarem a sua condição e a procurarem serviços de saúde.

A comissão chegou a essas conclusões por meio da revisão de 680 textos de mais de mil autores de 140 países. Também foram ouvidas cerca de 700 pessoas afetadas por leis ligadas ao HIV. 

Pacientes não têm acesso a antirretrovirais

10 de julho de 2012 | 3h 04
 
LISANDRA PARAGUASSU / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
 
Apesar de um crescimento de 22 vezes no acesso às drogas antirretrovirais entre 2001 e 2010, metade dos adultos e três quartos das crianças que precisam ainda não têm os remédios necessários.

No centro dessa dificuldade de acesso, diz o relatório da Comissão Global sobre Aids e Leis das Nações Unidas, está a legislação internacional sobre patentes e a pressão dos países ricos sobre os pobres para impedir a produção e a aquisição de genéricos. Mudar o Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (Trips, na sigla em inglês), diz o relatório, é essencial para combater a epidemia global de aids.

A flexibilização da Trips, feita há dez anos, abriu brechas para a quebra de patentes ao dizer que a lei deveria ser interpretada "à luz do objetivo de promover o acesso a medicamentos para todos". Diversos países, entre eles Brasil, Índia e África do Sul, usaram esse caminho para diminuir o custo de seus programas de distribuição de retrovirais.

Em 2007, ao aprovar a licença compulsória do Efavirenz, o governo brasileiro diminui em 71,8% o custo do remédio. No entanto, para os países mais pobres, esse caminho é pouco viável. Sem condições de produzirem suas próprias drogas, eles não têm condições de melhorar o acesso ao tratamento.

"Dez anos depois, alguns governos e companhias farmacêuticas estão ativamente minando os direitos e tentativas dos países usarem a flexibilização da Trips", diz o relatório.

Propostas. 

A comissão propõe que a Secretaria-Geral das Nações Unidas estude uma nova lei de patentes para os produtos farmacêuticos que leve em conta a necessidade de saúde para todos. Também exige que os países desenvolvidos parem com a pressão sobre os mais pobres.

Admirável Mundo Novo*


“Estudantes Brasileiros Preferem Navegar na Internet a Namorar”

Pesquisa foi feita junto 1.441 estudantes de todo o mundo. Brasileiros também consideram a internet tão importante quanto o ar.

23/09/2011 - Da redação da revista Ache Seu Curso

Uma pesquisa divulgada (...) pela empresa Cisco apurou o comportamento de 1.441 estudantes (de 18 a 23 anos) e 1.412 jovens profissionais (com menos de 30 anos) em relação ao uso da tecnologia e suas rotinas. Concluiu que a maior parte dos estudantes brasileiros considera a internet mais importante do que namorar, sair com os amigos ou ouvir música (72% deles) (...). A pergunta feita na pesquisa aos estudantes foi: "Qual das opções a seguir é a mais importante para você em sua vida diária". As opções eram internet, sair com amigos ou ir a festas, namorar, ouvir música ou nenhuma das anteriores, e os estudantes podiam escolher apenas uma opção.

A pesquisa também apurou que um em cada três universitários e jovens profissionais (33%) considera a internet um recurso essencial para o ser humano, assim como ar, água, alimento e moradia. Entre os estudantes brasileiros ouvidos na pesquisa, porém, o índice é bem maior: nada menos que 65% deles atribui à internet tanta importância quanto aos demais itens. Entre os jovens profissionais brasileiros, o índice também é bem alto: 61%.  O relatório, chamado Cisco Connected Technology World Report de 2011, ouviu pessoas em catorze países (cerca de 200 jovens por país).



Fiquei impressionado com os resultados dessa pesquisa. Apesar de sabermos que a Internet tem cada vez mais importância na vida das pessoas, esses dados nos questionam: até que ponto as Gerações Y** e Z*** –nossos filhos, sobrinhos, afilhados e outras crianças, adolescentes e jovens a quem amamos – estão preparadas para uma navegação segura, responsável e consciente nos diversos websites (páginas Internet), chats (bate-papos), redes sociais (Facebook, Twitter, Orkut etc.), e-mails? De onde deveria vir esse preparo?

Também poderia especular quanto às possíveis conseqüências psicológicas ou sociológicas (positivas ou não) desse uso e importância exacerbados à Internet na formação e comportamento dos jovens, mas deixarei essa análise aos respectivos especialistas ou ao futuro. Apesar de estar tentado a debater sobre o equilíbrio ou a opinar sobre o quão saudável ou não é preferir acessar o mundo pela Internet e ser nele o que se quer ao invés de tocá-lo e vivê-lo presencialmente entre pessoas de carne e osso, vou me concentrar nas questões de segurança.

Fato é que, para as gerações mais novas, Y ou Z, o mundo é tecnológico, conectado e regado a muita informação. Não conseguem imaginá-lo sem Internet, telefones celulares, computadores, iPads, iPods, videogames com gráficos exuberantes, televisores e vídeos em alta definição.

Um colega de área no Banco afirmou há poucos dias, no seu perfil no Facebook: “Sim, eu tenho vida fora do Facebook! Só não lembro a senha...” (rsrsrs). De autoria dele ou não, essa afirmação sintetiza parte do que expus acima.

Passamos de uma era em que “aniversariantes levavam ovadas, o pão francês era R$0,10, o "peraí mãe" era pra não sair da rua (e não da Internet ou vídeo-game), e crianças colecionavam figurinhas e papel de carta; brincávamos de elástico, de amarelinha, de bolinha de gude, de pega-pega, de esconde-esconde, mãe-da-rua, queimada, tocava-se a campainha do vizinho e corria...” para a era da abertura e compartilhamento na Internet, a partir de computadores e modernos dispositivos móveis: publicamos ao mundo o que estamos fazendo, onde estamos, nossas fotos e as de nossa família, nossa agenda pessoal, nossos pensamentos, nossas opiniões...

Não podemos deixar de nos informar e nos atualizar, para conversar com nossas crianças e jovens sobre os perigos que se escondem por trás daquele nickname (apelido) da sala de bate-papo (quem realmente está do outro lado e com quais intenções?), abrir a webcam para qualquer um é normal (ninguém vai gravar nossas imagens do outro lado e usá-las depois?), clicar em qualquer link de cartão de amor, promoção e fotos de um suposto amigo que te achou é tranqüilo (ou pode ser uma armadilha para a entrada de vírus e cavalos-de-tróia que vão destruir ou roubar suas informações?), xingar, inventar estórias e denegrir a imagem daquele(a) menino(a) chato(a) ou de jeito estranho no perfil de uma rede social “não pega nada” (ou pode ser considerado calúnia, injúria e/ou difamação?), posso entrar naquele ou noutro site de apologia ao crime, ao preconceito e discriminação e deixar uma opinião anônima de apoio (ou tudo isso fica registrado, pode ser trilhado e jovens e pais podem ter que responder pelos atos?). Enfim, há muita necessidade de conscientização de crianças e jovens, a começar por mim, a começar por você.

Uma nuance desse assunto é o fato de que até pouco tempo criávamos nosso perfil de Orkut e Facebook sem muitos controles. Por conta de superexposição de dados, imagens, vídeos, aproveitamento de informações por inimigos ou pela criminalidade, cada vez mais surgem controles que possibilitam fechar cada vez mais nosso perfil ao mundo. Mas afinal, a finalidade não era o compartilhamento? Se meu perfil não pode mais ser visto, então qual a finalidade dele?

Além das perguntas que fiz no primeiro parágrafo, questiono também: qual a justa medida entre segurança e confiança, se é que existe? Existe ponto de equilíbrio entre privacidade e controles restritivos? Ou cada caso é um caso? Mas quais parâmetros levar em conta ao analisar cada situação, em um mundo em que os valores e preocupações de uma geração já não parecem (cor)responder aos ideais e realidade da outra? O ponto-chave seria ponderarmos melhor aquilo que queremos tornar público, pensando antes nos objetivos e conseqüências?

Rodrigo Alencar Campos
Segurança da Informação
 
* Texto gentilmente cedido pelo autor.
** Também chamada geração do milênio ou geração da Internet, engloba os nascidos após 1980 e, segundo outros, de meados da década de 1970 até meados da década de 1990, sendo sucedida pela geração Z. Essa geração cresceu numa época de grandes avanços tecnológicos, vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas. Em um mundo competitivo, lutam por ascensão profissional desde cedo. Por outro lado, preocupam-se com questões de sustentabilidade e futuro do planeta.
*** Nascidas desde a segunda metade da década de 90 até os dias de hoje, são conhecidas por serem nativas digitais, estando muito familiarizadas com a Internet, compartilhamento de arquivos, telefones móveis e mp3 players, não apenas acessando a internet de suas casas, e sim pelo celular, ou seja, extremamente conectadas à rede.

A imagem foi tirada daqui.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Confusão marca audiência pública sobre projeto que legaliza a 'Cura Gay'

Proposta vai contra norma do Conselho Federal de Psicologia que, desde 99, proíbe que psicólogos ofereçam 'tratamento' para homossexuais mudarem sua opção sexual


Lígia Formenti, da Agência Estado

BRASÍLIA - Gritos, bate-boca e muita confusão marcaram a audiência pública feita nesta quinta-feira, 28, para discutir o projeto de decreto legislativo 234/11, conhecido como Projeto da Cura Gay. 

De autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), da bancada evangélica, a proposta abre caminho para que psicólogos ofereçam "tratamento" para homossexuais mudarem sua opção sexual. Desde 99, uma norma do Conselho Federal de Psicologia (CFP) proíbe que profissionais façam esse tipo de promessa para seus pacientes.

O texto de Campos propõe ainda a retirada de outra proibição feita pelo CFP: a de profissionais usarem a mídia para reforçar preconceitos a grupo de homossexuais. A audiência, convocada pelo relator do projeto, deputado Roberto de Lucena (PV-SP), deveria ter cinco debatedores, mas apenas dois compareceram.

O CFP não aceitou o convite por considerar a composição da mesa pouco equilibrada. Em um manifesto enviado à Câmara dos Deputados, integrantes do conselho afirmaram que atores importantes não foram convidados para o debate e lembraram que desde 1970 a homossexualidade não é considerada como um transtorno psicológico. A mesa esvaziada de debatedores, no entanto, não reduziu a temperatura da reunião. A polêmica ganhou força depois de uma das convidadas, a psicóloga Marisa Lobo, defender o direito de psicólogos atenderem pacientes que busquem mudar a sua orientação sexual. Ela disse acreditar ser possível que o paciente mude sua orientação se esse for o seu desejo.

O coordenador da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT na Câmara, deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), disse ter ficado "constrangido" com a defesa da psicóloga. Marisa revidou, foi advertida mas, mesmo assim, não baixou o tom. "Não ofendi o deputado. Ele é que tentou me diminuir, tentando afirmar que minhas posições não podem ser consideradas apenas porque sou religiosa". A partir daí, o tumulto se formou. Um bate-boca entre Marisa e representantes do Movimento Gay se instalou: "Ser cristão não significa ser alienada", disse a psicóloga para uma plateia que revidava chamando-a de "barraqueira" e "fundamentalista".

O duelo verbal somente não aumentou porque integrantes do movimento saíram quando Jair Bolsonaro (PP-RJ) começou a falar. "Quem gostaria de ter um filho gay?", perguntava ele, durante o discurso. Mesmo com plenário mais vazio, o clima de auditório permaneceu. Falas do autor do projeto, João Campos, eram volta e meia interrompidas pelos clássicos: "muito bem!", do grupo de religiosos que acompanhava a discussão. No final da audiência, mais um momento de embate. Depois de criticar a decisão de o CFP não participar da audiência, o deputado Roberto de Lucena (PV-SP), decidiu ler trechos do manifesto do conselho. Integrantes do movimento gay presentes à reunião começaram a ler o texto na íntegra provocando nova confusão. Eles foram retirados do plenário da comissão por seguranças da Casa.

Luth Laporta, da Companhia Revolucionária Triângulo Rosa, que esteve presente na audiência, disse que não havia nenhuma isenção dos deputados durante a audiência. "Essa foi uma audiência feita pela comunidade evangélica para comunidade evangélica. Não houve uma discussão democrática", disse.

 

Não!




Em 2006, São Paulo passou a contar com uma nova arma contra a poluição visual. A Lei da Cidade Limpa seria um projeto que deveria voltar-se à proibição de toda publicidade externa como outdoors e painéis em fachadas de prédios, se estendendo também para publicidades em táxis, ônibus e bicicletas, até mesmo os anúncios indicativos (aqueles que identificam no próprio local qual é a atividade exercida) entraram na dança. E a coisa toda parou por aí, certo?!

Meia dúzia de anos depois estamos percebendo que o termo “cidade limpa” pode ter se tornado um processo elitista, em alguns momentos beira o ridículo. São Paulo passou a incorporar o não como padrão de administração, tudo em nome da “limpeza”, claro. Acompanhe:

Quer dar um passeio de moto? Vá sozinho, porque seu garupa pode ser um assaltante! Esse foi o argumento para vetar que duas pessoas na mesma moto ao mesmo tempo. Felizmente, tal lei foi derrubada pois esbarra justamente no direito de ir e vir garantido pela Constituição Federal;

Caminhões estão proibidos de circular nas marginais. Se quiserem trabalhar, ou esperam o horário permitido, ou utilizam o RodoAnel, administrado pela CCR pagando uma simbólica taxa de pedágio. Ainda bem que esta restrição só afeta os caminhões...

Recebeu um SMS no celular e está na fila do banco? Resista a tentação de olhar, pois usar o celular no banco dá multa! Estamos evitando os assaltos...

Médico usando jaleco fora do ambiente de trabalho?! Multa ele aí!!! Proibido!

Vai comer ovo mole no boteco? Nem tenta! Proibido! O Dr. Bactéria disse que tem salmonela...

Enquanto isso no submundo das feiras em São Paulo: barracas de pastéis repassando vinagrete como acompanhamento para o fresquinho pastel! Feirantes vendendo bananas por dúzia... E pior, aos berros!!! Na rua ao lado, o cobrador da lotação grita o itinerário.. .E os camelôs? Ninguém sabe, ninguém viu...

Bancas de jornal no centro da cidade... Proibido! Uma questão de segurança pública, claro!

Fritura e refrigerante na cantina da escola? Manda prender! É proibido!

Tá se escondendo da chuva e vai acender um cigarro? Ou um ou outro! É proibido fumar debaixo de um toldo!

Polícia saí à caça de estudante! É proibido matar aula!

Quer doar material reciclável para um catador? Cadeia neles! Proibido!

Sacolinha no mercado? Proibido! Ainda bem que essa não vingou...

Moradores de rua que se cuidem: estão em funcionamento as rampas e bancos antimendigos, nas praças, debaixo de pontes... Também está proibido sopão grátis no centro da cidade!