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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Para ativistas, novo prefeito de SP deve fortalecer a política de aids e garantir os direitos humanos no município

Com 3.387.720 votos (55,57% válidos), Fernando  Haddad (PT) foi eleito prefeito da cidade de São Paulo neste domingo, 28 de outubro. José Serra (PSDB) teve 2.708.768 (44,43%), segundo o Tribunal Superior Eleitoral.

Em entrevista à Agência de Notícias da Aids, attivistas pediram ao futuro prefeito mais ação contra a epidemia de HIV, rechaçam a ideia do fechamento de leitos exclusivos para soropositivos e reforçaram a necessidade da garantia dos direitos humanos.

Margareth Preto, diretora do projeto Bem Me Quer, que fica na região noroeste da capital, vê necessidade de ampliação dos serviços de atendimento e de assistência aqueles que já são portadores do HIV. Para ela, a aids precisa voltar a ser uma pauta prioritária para a saúde. “As pessoas continuam morrendo por causa de deficiências no tratamento da doença”, diz.
A gestora de Marketing da Associação Civil Anima, localizada no Rio Pequeno, zona Oestes da cidade, Lucimar Francisco Marques, concorda e pede maior colaboração com as ONGs: “Essas instituições devem ser tratadas como parceiras e não como prestadoras de serviço da prefeitura. Elas podem oferecer mais pela causa”. Lucimar acredita ainda que o novo prefeito deve dar força para a Frente Parlamentar Estadual de combate à Aids.

Já para Maria Helena Franco, que é gerente de projeto da ONG ECOS – Comunicação em Sexualidade, “a questão do fechamento de hospitais e a diminuição de leitos precisa ser revista”. Segundo ela, embora a epidemia esteja estabilizada, é preciso tentar acabar com os novos casos de infecção, o que traz necessidade de investimento sem pesquisas na área. “Outra questão é o atendimento dado às mulheres no SUS. Não conseguimos marcar exames ginecológicos e não é possível trabalhar a feminização da epidemia se esses exames básicos não conseguem ser marcados”, critica.

No entanto, Luiza Augusto Martins, diretora-presidente da Casa de Apoio Brenda Lee, instituição que fica no centro da cidade, lembra dos lados positivos e pede que o novo prefeito “seja inspirado e preserve as coisas boas que já existem”. Ela disse não ter queixas no que diz respeito à aids, pois as pessoas que precisam têm fácil acesso ao tratamento e a medicação necessária.

Em contrapartida, Bruno Gomes, coordenador do centro de Convivência É de Lei, ONG que trabalha com redução de danos para usuários de drogas, principalmente na região central, critica a gestão atual. Para ele, é essencial que se mude a forma de lidar com os usuários de drogas, especialmente os que estão em situação de rua.

“Eles sofrem uma violência constante e cotidiana dos agentes do Estado, e ainda podem sofrer coerção de outros profissionais, como assistentes sociais”, diz. Bruno pontua a necessidade do combate ao estigma existente com os usuários, que acabam dificultando seu acesso aos serviços de saúde.

A pesquisa Ibope foi realizada neste domingo, 28 de outubro, e entrevistou 6 mil eleitores. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Haddad afirma que fará mudanças nas ações de comunicação e de mobilização social no combate à aids

Antes do primeiro turno das eleições, a Agência de Notícias da Aids, em parceria com o site Estadão.com, publicou uma série de entrevistas com os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto. Ativistas e representantes das pessoas vivendo com HIV e aids fizeram as perguntas que foram enviadas para as assessorias do candidatos por e-mail. Saiba a seguir mais sobre Fernando Haddad e leia a entrevista na íntegra:

Fernando Haddad formou-se bacharel em Direito na USP, onde fez mestrado, doutorado e se tornou professor. Em 2001, foi nomeado subsecretário de Finanças e Desenvolvimento Econômico pela então prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, permanecendo no cargo até 2003.

Integrou o Ministério do Planejamento durante a gestão Guido Mantega (2003-2004), quando elaborou o projeto de lei que instituiu no Brasil as Parcerias Público - Privadas (PPPs). Em 2005, assumiu o ministério da Educação no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No governo da presidenta Dilma Rousseff manteve-se no cargo, deixando a Pasta em janeiro de 2012.

Como Ministro da Educação, Haddad instituiu o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que passa a medir a qualidade do ensino fundamental e médio. Também criou o programa "Universidade para Todos" (ProUni), que destina bolsas de estudos a estudantes de baixa renda em universidades privadas. Durante sua gestão foi proposto o Kit Anti-homofobia nas escolas, que apresentava material educativo a fim de combater o preconceito contra as diversidades sexuais. O material, no entanto, não foi aprovado pela Presidência da República.

Em entrevista para a Agência Aids, Haddad afirmou que em seu governo haverá a retomada do processo de descentralização política e financeira no município, sob controle público, e o fortalecimento das subprefeituras. Em seus planos estão desenvolver os planos regionais de saúde, que se articulariam com o Plano Municipal de Saúde.

O candidato prometeu ainda recompor os salários e rever os planos de carreira existentes dos funcionários da área da saúde e focar em ações de promoção, prevenção e atendimento ambulatorial (atenção básica integral e resolutiva, unidades especializadas organizadas em rede).

Presidente do GAPA, Áurea Abbade: Qual será sua principal política de combate à aids desenvolvida na prefeitura?
Fernando Haddad:
Em nosso governo a saúde será prioridade e serão recuperadas as diretrizes dos Governos Erundina e Marta, com novas prioridades. Retomaremos o caráter de gestão pública da saúde na cidade, sob comando da Secretaria Municipal de Saúde, sem prejuízo da realização de parcerias com entidades sérias e com tradição de atuação na área. O foco principal estará nas ações de promoção, de prevenção e nas mudanças de hábitos prejudiciais à saúde individual e coletiva, o que exigirá mudança nas ações de comunicação e de mobilização social. Entretanto, estas só farão sentido se estiverem acompanhadas de mudança do modelo existente hoje, integrando as ações de diferentes níveis de complexidade em rede de atenção municipal e em redes regionalizadas.

A atenção secundária será organizada no território de cada Subprefeitura na Rede Hora Certa (ambulatórios de especialidades, exames de imagem e cirurgias ambulatoriais) e nos Centros de Referência. Eles serão dotados de todos os profissionais necessários, organizados em equipes multidisciplinares, contratados por seleção pública, capacitados permanentemente e valorizados em seus salários e condições de trabalho.

Para que as linhas de cuidado e os protocolos de atendimento sejam efetivos há a necessidade de também agregar a esse movimento de mudança a atenção integral (UBS, Saúde da Família e Pronto-Atendimento integrados), a rede de urgência e de emergência, a área hospitalar, atenção domiciliar, reabilitação, apoio diagnóstico e farmacêutico. Atuaremos em sintonia com o Governo Federal, buscando articular essas políticas de prevenção, diagnóstico e atenção com os municípios da Região Metropolitana e o Governo Estadual.
 

Diretor do EPAH, José Araújo Lima Filho: O Programa Municipal de DST/Aids atualmente é extremamente técnico e não tem poder político. Este Programa fica amarrado às regionais de saúde, que pouco entendem das especificidades da aids. Caso seja eleito, o Programa Municipal terá autonomia política para trabalhar suas estratégias dentro do município?
Haddad:
Nossa proposta de governo prevê a retomada do processo de descentralização política e financeira no município, sob controle público. Assim, haverá um reestudo das secretarias e órgãos hoje existentes, bem como do perfil e do papel das subprefeituras. Os Conselhos de Representantes serão finalmente instalados. No caso de áreas em que há sistemas universais disciplinados em leis, como é o caso do SUS e do SUAS, a legislação será rigorosamente observada, seja no funcionamento dos fundos correspondentes, seja do ponto de vistas das atribuições dessas secretarias enquanto gestoras das políticas de saúde e assistência. Assim, a descentralização e/ou desconcentração de responsabilidades com enfoque territorial nas subprefeituras não poderá se traduzir na quebra do comando único ou da atuação em redes assistenciais, envolvendo ações e serviços articulados em torno de objetivos comuns.

Serão desenvolvidos planos regionais de saúde, que se articularão coerentemente com o Plano Municipal de Saúde. Não é o que se observa hoje, quando as Organizações Sociais de Saúde agem em nome do poder público, mas de acordo com suas próprias conveniências. Contribuem, assim, para o caos que se observa na saúde municipal. Com isso resgataremos o papel da Secretaria Municipal de Saúde no comando do SUS, de suas áreas técnicas e dos diversos programas prioritários, que estarão articulados em rede e em linhas de cuidado.

Presidente do GIV, Claudio Pereira: Como pretende enfrentar a falta de profissionais de saúde, especialmente de infectologistas nos SAEs (Serviços de Atenção Especializa em DST/Aids)?
Haddad:
Nossos governos anteriores na cidade demonstraram que havendo um projeto claro, que mobilize vontades políticas e que dê condições de trabalho adequadas, em sentido amplo, os trabalhadores de saúde e os movimentos sociais reagem positivamente e aderem ao processo de mudança. Para tanto, será necessário recompor fortemente os salários, rever os planos de carreira existentes, propor novos planos, como é o caso do profissionais médicos, recuperar os cargos da Secretaria Municipal de Saúde, fazer concursos e seleções públicas, discutir e atualizar as jornadas de trabalho e ver a melhor maneira de modificarmos o processo de trabalho em benefício dos cidadãos. Trabalharemos novamente com a definição de Tabelas de Lotação de Pessoal - TLPs por unidade, que contemplem aspectos quantitativos e qualitativos. Dessa forma, determinadas categorias profissionais e especialidades médicas, como a dos infectologistas, passarão a ser prioridade dentro do novo modelo proposto para que haja resolutividade nas ações.

Presidente do Fórum de ONG/aids do estado de São Paulo, Rodrigo Pinheiro: As unidades que atendem internações relacionadas à aids estão super-lotadas e muitas não aceitam mais pacientes. Qual sua estratégia para enfrentar esta crise?
Haddad:
Como dissemos, o foco principal estará nas ações de promoção, prevenção e atendimento ambulatorial (atenção básica integral e resolutiva, unidades especializadas organizadas em rede). A experiência acumuladas, as novas abordagens de assistência farmacêutica, os medicamentos disponíveis, a existência de profissionais capacitados a resolver intercorrências nesse nível de atenção, em âmbito loco-regional, selecionarão mais adequadamente o atendimento de urgência e as internações que se mostrem imprescindíveis.

Vamos construir novos hospitais e retomar o processo de municipalização dos ambulatórios de especialidades e de hospitais gerais estaduais existentes no território do município e rever a lógica de funcionamento dos hospitais municipais de forma a permitir o uso mais racional da capacidade instalada, de rever a sua destinação e proposta de ampliação. A contratação de leitos privados, se necessária, observará as diretrizes do SUS, com seu caráter complementar e ênfase no setor filantrópico. A saúde pública voltará a ser prioridade em São Paulo e com elas o enfoque de atenção integral, como é o caso da abordagem das DST/AIDS.


Representante do Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas, Nair Brito: Como avalia a qualidade da atuação da prevenção às DST/Aids no município, principalmente na questão da redução de danos para usuários de drogas?
Haddad:
A lógica instalada hoje, em que o gestor municipal abdicou do seu papel, acaba sendo de criminalização do cidadão com essas e outras patologias, de reforço da marginalidade, de perda de aderência às políticas de prevenção. Somos favoráveis às políticas de redução de danos, área de atuação em que as Administrações e os parlamentares do PT têm reconhecidos méritos. As associações, entidades e movimentos da sociedade civil cumpriram e cumprem um papel fundamental na afirmação dessa abordagem e no combate a todo tipo de preconceito e de discriminação.

É preciso ganhar essa batalha na opinião pública e isso se fará democratizando as políticas de comunicação, trabalhando valores de solidariedade e de respeito à autonomia das pessoas, mas também mudando a lógica e o funcionamento dos serviços. De nada adianta a motivação, o esforço e o compromisso de cada trabalhadora ou trabalhador do SUS se o sistema não estiver adequadamente organizado para dar outra dimensão ao enfoque de saúde e ao cuidado dos pacientes. A adoção de políticas intersetoriais será diretriz de governo, com base nos territórios e voltada a formar opinião e a integrar as políticas públicas na cidade como um todo.

Coordenador do Mopaids, Américo Nunes Neto: Qual a opinião do candidato sobre as Organizações Sociais que acabam “terceirizando” alguns serviços de saúde?
Haddad:
Agiremos dentro da legalidade, respeitando contratos já firmados e promovendo rigoroso controle das parcerias, dos contratos de gestão, do cumprimento das metas acordadas e do aporte de recursos públicos a esta modalidade de gestão privada, transformada em hegemônica nos Governos Serra e Kassab na cidade de São Paulo. Entretanto, esta modalidade de gestão não será a nossa prioridade, uma vez que atribuímos em grande medida o caos hoje existente e a péssima avaliação da saúde na cidade de São Paulo à subordinação da gestão pública aos interesses particulares que movem cada uma dessas OSs, que acabam por criar assistência, referências e regulação próprias e de acordo com suas conveniências.

Vamos fortalecer o planejamento público, as modalidade de administração pública direta e indireta, por meio de autarquia, promover a gestão participativa e o controle popular, no Conselho Municipal de Saúde e nos Conselhos Gestores.

Redação da Agência de Notícias da Aids

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Criança de 9 anos é encontrada acorrentada à cama no norte do PR (do G1!)

http://g1.globo.com/parana/noticia/2012/08/crianca-de-nove-anos-e-encontrada-acorrentada-em-cama-no-parana.html



A cidade: Santo Antonio da Platina, cidadezinha no Paraná com menos de 50 mil habitantes. O caso: um casal acorrenta o filho ao pé da cama sem acesso à comida, água e banheiro.
Parece notícia policial, mas é. Após denúncias de vizinhos, a polícia encontrou o garoto preso na casa onde mora na tarde do dia 23 de agosto. O padrasto e a mãe foram trabalhar e acorrentaram o menor. Segundo eles, esta seria a primeira vez que fizeram algo assim e o menino estaria envolvido com drogas.
 

Em uma entrevista com o padrasto do garoto ouvimos o repórter: "Você sabe que agora, por mais que você tenha tido uma boa intenção, vocês vão responder judicialmente pela atitude que vocês tiveram?". O padrasto: "Com certeza. Só que acontece que eu não vou criar um moleque ladrão, maconheiro e bandido dentro da minha casa, para amanhã ou depois, vocês jogarem na minha cara que eu não fui pai e não pude educar". Depois ouvimos o padrasto relatar uma série de roubos cometidos pelo menino e, é de novo indagado pelo repórter: “Com tanta coisa errada (...) não era o caso de procurarem a Polícia Militar e falar ‘tá assim, não estamos conseguindo...’”. O padrasto: “Eu já liguei aqui (PM). Eu não, a minha esposa já ligou, acho que umas três ou quatro vezes. Mas ele sai de casa, ele some”.


Numa outra reportagem, a mãe dizia , "se tentar segurar é pau, pedra, tijolo, faca, o que tiver na frente ele taca. Não tem quem segure". O garoto ainda acrescenta detalhes, como a vez em que cortou o braço da irmã. A mãe também relata que “às vezes, é melhor acorrentar ali, do que ver mais tarde ele virar um bandido, um ladrão, um drogado. E você olhar na minha cara e falar que eu não criei meu filho, que eu não prestei para ser mãe”.

Crueldade dos pais? Um detalhe: o menino não apresentava sinais de maus tratos e já vinha sendo acompanhado pelo conselho tutelar desde 2008.

Por estes dias um programa de televisão que trata da rotina da polícia exibiu a ocorrência onde um menino estava em cima de uma casa jogando tijolos nas pessoas que passavam na rua. A polícia levou o menino para casa, que morava com a mãe e a avó e a questionaram. Esta mesma avó exibindo um atestado médico dizendo que o menino é hiperativo, disse que não sabia mais o que fazer com o menino, a mãe sai para trabalhar e o garoto foge da escola, de casa e fica “aprontando” pela rua. O policial respondeu: “a senhora é a responsável por ele!”

Não à toa os pais do garoto receiam sobre a opinião dos outros.


Se o menino se tornasse um bandido, um ladrão, um drogado, diriam que foi por falta de amor e cuidados. Não cuidou bem, agora não tem respeito. O oposto disto também traria dizeres: mimaram demais a criança. Por tanta permissividade, agora não tem o respeito do filho. De um lado ou de outro seriam acusados.

Mas, então, o que fazer?

E, assim (citando Calligaris), passamos do sentimento de indignação pela violência dos pais para a desconcertante e humilde perplexidade diante da impossível tarefa de educar... 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

15 de outubro: Dia Mundial de Lavar as Mãos


Hoje também é o Dia do Professor. Para o leitor mais ligado, já percebeu onde queremos chegar.
Você seria capaz de enumerar quantos bons professores teve em sua vida? Mais ainda, qual foi o papel destes professores? Com certeza, um deles foi (co)responsável pelo caminho que você tomou em algum momento. Estas questões são suspeitas para um mailing (serviço de mala direta) ligado à educação, mas tente expandir estas questões para outros. Quando olhamos pela janela, percebemos que estamos vivendo outra realidade. 



Hoje é dia do professor, mas nas escolas ouvimos que são educadores. Numa crítica dizia que “ser professor é apenas uma função técnica, ser educador vai além.” É relevante dizer que, de acordo com uma pesquisa, 20% dos professores da rede básica de ensino do Estado de São Paulo sofrem de depressão e 82% apontam ter sofrido algum tipo de violência física; uma outra pesquisa dizia que, as duas principais finalidades para os professores seriam 1) formar cidadãos conscientes (72,2%) e 2) desenvolver a criatividade e o espírito crítico (60,5%). O que está acontecendo!? Para se formar pessoas conscientes, críticas e criativas paga-se o preço com um atestado médico, um pneu furado ou um chute sorrateiro?
Há muito tempo atrás falava uma professora no Rio Grande do Norte, onde dizia, “parem de associar qualidade de educação com professor dentro de sala de aula.” Esta métrica ainda funciona, conforme apontou o Globo Repórter, exibido na última sexta-feira. Enquanto isso, nos grandes centros urbanos as escolas vão de mal a pior...
Um atendido do Projeto Anima Jovem vem fazendo uma campanha - solitária, claro - para conseguir amigos. Tem perguntado aos demais quem gostaria de ser seu amigo, abraça os candidatos, pede para tirar fotos dele com aqueles que se dispõem a ocupar esse lugar... Idiossincrasias à parte, esta criança passa grande parte de seu tempo na escola, como deve estar sendo sua campanha lá? Quem o (ou)viu, ou o apoiou? Algum professor? Educador? Algum amigo?
Onde estão agora as pessoas que um dia fizeram a diferença em nossas vidas? Já temos teorias demais para explicar o colapso escolar. Na prática, vemos Isadoras escrevendo seus descontentamentos em diários que agora são virtuais, e por isso saem de debaixo dos colchões. Uma mesma pesquisa apontava para o fato de que a maioria dos professores, apesar das dificuldades que enfrenta no cotidiano profissional, pretende permanecer na função que atualmente desempenha. Já não se sabe se isto é bom ou ruim.

Hoje, no Dia Mundial de Lavar as Mãos, deveríamos comemorar lavando as mãos. Ato higienista com bons resultados para a saúde física. Hoje, deveríamos parar de lavar as mãos. Ato usado por um certo procurador romano num caso importante. Sentido figurado para fugir da responsabilidade.

Hoje é dia do professor e/ou educador. Assim, o atual cenário da Educação é uma questão de nomenclatura. Posicionamento filosófico, político, de infraestrutura, piso salarial, investimento cultural, material didático, público, privado, questão de gênero, étnico, coletivo, individual... 


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Adesão


Recebemos esta notícia de duas fontes. Tanto a Sandra (Brechó Anima) quanto a Gisele (Administração) compartilharam sobre a morte de Luciane Aparecida Conceição.
Luciane, ficou conhecida por ser a primeira criança do mundo a fazer uso do coquetel contra a aids, era amiga de muitos profissionais daqui da Anima, participava de vários eventos ligados à causa, inclusive do Grupo de Trabalho com Crianças e Adolescentes do Fórum de ONG/Aids de São Paulo e, como se sabe, em algum momento, Luciane abandonou os medicamentos antirretrovirais.
"Infelizmente ela não aceitava mais tomar o remédio, e não dizia o motivo. Simplesmente não queria mais se tratar”, conta a irmã. Assim como Luciane, já tivemos aqui na instituição alguns casos de óbito de jovens que deixaram a medicação contra a doença de lado. Temos também outros tantos jovens que vem lutando para continuar o uso da medicação e seguir vivendo.

Olhando assim, dá a impressão de que se quero viver TENHO que tomar os remédios e ponto! Quando aproximamos um pouco mais a questão, a história é outra.
Durante o IX Congresso Brasileiro de Prevenção às DST e Aids, muitos jovens atendidos no Projeto Anima Jovem tiveram a chance de participar do evento, inclusive com a apresentação do Coral. Com muitos espaços voltados para este público como a Arena da Juventude, e mesas específicas para tratar das questões dos jovens, a participação destes foi pequena, mas fundamental.
Em um momento específico, na Arena da Juventude, um debate trouxe à tona a adesão ao tratamento com relatos de jovens sobre suas experiências e estratégias. Uma das falas dizia que o medicamento é algo horrível, num outro momento dizia-se fazer uso de drogas para amenizar o antirretroviral. Em paralelo os jovens ao nosso lado diziam que esta não era sua experiência e que tomar os remédios não era tão desagradável assim. Contudo, a questão vai além dos sabores.
Muitos destes jovens cresceram tomando remédios sob o discurso de que era uma “vitamina para o sangue”, nas consultas médicas o jovem não aderente fica excluído sob o mesmo olhar do TEM QUE TOMAR. Contudo, há os que não tomam! Ora, conforme vão crescendo a “vitamina” não desce mais, e a adesão ao tratamento passa pelo fato de ser portador do HIV, causador da aids e todo o contexto que a aids carrega. Imagina-se que, se em algum momento, o ato de tomar os medicamentos possa ser um ato mecânico... 
Um outro fato ligado à participação dos jovens se deve ao relato destes quando entraram numa fila para participar de um evento de prevenção. Ouviram coisas como, “aqui é a fila para o Patati Patatá?”, “ih, é a fila do bolsa-família!”... Lembrando que os participantes do evento eram médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, professores, mestres, doutores... Enfim, aqueles que atendem os mesmos jovens no setor Saúde e Educação. Percebe por onde também passa a adesão?!

Para saber mais:
Morre em Sorocaba, SP, primeira criança a tomar coquetel contra Aids (no G1 e no Blog Efe Cinco)



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

HIV/Aids e Prevenção em ambientes virtuais


Após o surgimento da Internet para as massas (pois já existia antes para fins militares), no início dos anos 90, as comunicações passaram a ter um novo perfil, veríamos ao longo dos anos uma ampliação das relações entre as pessoas de forma nunca antes vista. Crescia também a epidemia de aids no mundo.
Nesta época, as tentativas de prevenção e divulgação de informações eram exclusivamente televisionadas, quase sempre num tom de campanhas de terror, como “a aids mata”. Atualmente, com a Internet “bombando” com as redes sociais com milhões de seguidores (a aids também contando seus milhões) vemos que, os ambientes virtuais, infestados de vírus que são, contribuem muito pouco quando o assunto é a prevenção do vírus, nada virtual, HIV.
 

Tema de muitas mesas no IX Congresso Brasileiro de Prevenção às DST e Aids, as medidas de prevenção nos meios digitais atingem um pequeno número de pessoas, diferentemente das informações que se disponibilizaram pós-internet sobre o assunto, afirma a gestora de marketing da Anima, Tica, que acompanhou algumas destas discussões.
Hoje é possível conseguir um número ilimitado de informações caso alguém se disponha a utilizar a internet como fonte de dados para uma pesquisa qualquer, no campo da aids segue a mesma afirmação. Um exemplo disto são estes informativos, inteiramente produzidos a partir do meio digital para o meio digital. Neste sentido, as informações sobre formas de transmissão do vírus HIV, tratamentos, direitos do portador, entre outras ganharam muito com esta plataforma. No Ceará, por exemplo, a Associação de Jovens de Irajá em parceria com a Universidade Estadual do Ceará criou o programa de web rádio AJIR, para transmitir informações sobre saúde e prevenção para os jovens, através de entrevistas e reportagens sobre vários temas, promovendo diálogos e contando com a participação do ouvinte. Outra possibilidade de interação com as pessoas, embora pouco explorado, é através de jogos digitais.
As redes sociais também são alvo das campanhas de prevenção, porém com pouca repercussão. Apesar da enorme quantidade de acessos na rede como o Facebook ou o Twitter movimentando informações tão diversificadas quanto o número de usuários, ainda estamos aprendendo a lidar com o aplicativo, ou ao menos, tornando o uso “mais brasileiro”. Para o criador da rede, Mark Zuckerberg, "qualquer serviço na Internet que tenha usuários brasileiros, em grandes proporções, vira um problema." Sua crítica relacionada à maneira que os brasileiros usam as redes sociais, fez com que fossem proibidos os famosos gifs animados (imagens com movimentos) que povoaram o “velho” Orkut.

Em meio a sapatos de salto alto, unhas coloridas, frases machistas e piadinhas, também usamos a rede social (contrariando Zuckerberg) para fazer campanhas, denúncias, movimentos sociais e parcerias. Com alguns sucessos em campos diversos, a prevenção e os direitos dos portadores também está presente nas redes: Quem se cuida, curte; UNAIDS; Stop Aids; RENAJVHA (Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com o HIV/Aids); e a própria Anima vem aumentando suas publicações e divulgações na Internet (Facebook, Twitter, YouTube, Blog, Web).
Se estamos fora de foco, ou se os ambientes virtuais permitem apenas “curtir” e “compartilhar” uma suposta felicidade, o fato é que vamos continuar investindo nas divulgações online. Assunto, força de vontade e esperança não nos falta...