A cidade: Santo Antonio da Platina, cidadezinha no Paraná com menos de 50 mil habitantes. O caso: um casal acorrenta o filho ao pé da cama sem acesso à comida, água e banheiro.
Parece notícia policial, mas é. Após denúncias de vizinhos, a polícia encontrou o garoto preso na casa onde mora na tarde do dia 23 de agosto. O padrasto e a mãe foram trabalhar e acorrentaram o menor. Segundo eles, esta seria a primeira vez que fizeram algo assim e o menino estaria envolvido com drogas.
Em uma entrevista com o padrasto do garoto ouvimos o repórter: "Você sabe que agora, por mais que você tenha tido uma boa intenção, vocês vão responder judicialmente pela atitude que vocês tiveram?". O padrasto: "Com certeza. Só que acontece que eu não vou criar um moleque ladrão, maconheiro e bandido dentro da minha casa, para amanhã ou depois, vocês jogarem na minha cara que eu não fui pai e não pude educar". Depois ouvimos o padrasto relatar uma série de roubos cometidos pelo menino e, é de novo indagado pelo repórter: “Com tanta coisa errada (...) não era o caso de procurarem a Polícia Militar e falar ‘tá assim, não estamos conseguindo...’”. O padrasto: “Eu já liguei aqui (PM). Eu não, a minha esposa já ligou, acho que umas três ou quatro vezes. Mas ele sai de casa, ele some”.
Numa outra reportagem, a mãe dizia , "se tentar segurar é pau, pedra, tijolo, faca, o que tiver na frente ele taca. Não tem quem segure". O garoto ainda acrescenta detalhes, como a vez em que cortou o braço da irmã. A mãe também relata que “às vezes, é melhor acorrentar ali, do que ver mais tarde ele virar um bandido, um ladrão, um drogado. E você olhar na minha cara e falar que eu não criei meu filho, que eu não prestei para ser mãe”.
Crueldade dos pais? Um detalhe: o menino não apresentava sinais de maus tratos e já vinha sendo acompanhado pelo conselho tutelar desde 2008.
Por estes dias um programa de televisão que trata da rotina da polícia exibiu a ocorrência onde um menino estava em cima de uma casa jogando tijolos nas pessoas que passavam na rua. A polícia levou o menino para casa, que morava com a mãe e a avó e a questionaram. Esta mesma avó exibindo um atestado médico dizendo que o menino é hiperativo, disse que não sabia mais o que fazer com o menino, a mãe sai para trabalhar e o garoto foge da escola, de casa e fica “aprontando” pela rua. O policial respondeu: “a senhora é a responsável por ele!”
Não à toa os pais do garoto receiam sobre a opinião dos outros.
Se o menino se tornasse um bandido, um ladrão, um drogado, diriam que foi por falta de amor e cuidados. Não cuidou bem, agora não tem respeito. O oposto disto também traria dizeres: mimaram demais a criança. Por tanta permissividade, agora não tem o respeito do filho. De um lado ou de outro seriam acusados.
Mas, então, o que fazer?
E, assim (citando Calligaris), passamos do sentimento de indignação pela violência dos pais para a desconcertante e humilde perplexidade diante da impossível tarefa de educar...
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