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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Adesão


Recebemos esta notícia de duas fontes. Tanto a Sandra (Brechó Anima) quanto a Gisele (Administração) compartilharam sobre a morte de Luciane Aparecida Conceição.
Luciane, ficou conhecida por ser a primeira criança do mundo a fazer uso do coquetel contra a aids, era amiga de muitos profissionais daqui da Anima, participava de vários eventos ligados à causa, inclusive do Grupo de Trabalho com Crianças e Adolescentes do Fórum de ONG/Aids de São Paulo e, como se sabe, em algum momento, Luciane abandonou os medicamentos antirretrovirais.
"Infelizmente ela não aceitava mais tomar o remédio, e não dizia o motivo. Simplesmente não queria mais se tratar”, conta a irmã. Assim como Luciane, já tivemos aqui na instituição alguns casos de óbito de jovens que deixaram a medicação contra a doença de lado. Temos também outros tantos jovens que vem lutando para continuar o uso da medicação e seguir vivendo.

Olhando assim, dá a impressão de que se quero viver TENHO que tomar os remédios e ponto! Quando aproximamos um pouco mais a questão, a história é outra.
Durante o IX Congresso Brasileiro de Prevenção às DST e Aids, muitos jovens atendidos no Projeto Anima Jovem tiveram a chance de participar do evento, inclusive com a apresentação do Coral. Com muitos espaços voltados para este público como a Arena da Juventude, e mesas específicas para tratar das questões dos jovens, a participação destes foi pequena, mas fundamental.
Em um momento específico, na Arena da Juventude, um debate trouxe à tona a adesão ao tratamento com relatos de jovens sobre suas experiências e estratégias. Uma das falas dizia que o medicamento é algo horrível, num outro momento dizia-se fazer uso de drogas para amenizar o antirretroviral. Em paralelo os jovens ao nosso lado diziam que esta não era sua experiência e que tomar os remédios não era tão desagradável assim. Contudo, a questão vai além dos sabores.
Muitos destes jovens cresceram tomando remédios sob o discurso de que era uma “vitamina para o sangue”, nas consultas médicas o jovem não aderente fica excluído sob o mesmo olhar do TEM QUE TOMAR. Contudo, há os que não tomam! Ora, conforme vão crescendo a “vitamina” não desce mais, e a adesão ao tratamento passa pelo fato de ser portador do HIV, causador da aids e todo o contexto que a aids carrega. Imagina-se que, se em algum momento, o ato de tomar os medicamentos possa ser um ato mecânico... 
Um outro fato ligado à participação dos jovens se deve ao relato destes quando entraram numa fila para participar de um evento de prevenção. Ouviram coisas como, “aqui é a fila para o Patati Patatá?”, “ih, é a fila do bolsa-família!”... Lembrando que os participantes do evento eram médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, professores, mestres, doutores... Enfim, aqueles que atendem os mesmos jovens no setor Saúde e Educação. Percebe por onde também passa a adesão?!

Para saber mais:
Morre em Sorocaba, SP, primeira criança a tomar coquetel contra Aids (no G1 e no Blog Efe Cinco)



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