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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ativistas concordam com críticas feitas por documento da Fiocruz sobre programa brasileiro de aids

Destaque em jornais e sites nesta sexta-feira, 01 de junho, as críticas da recente publicação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o programa brasileiro de aids são apoiadas por integrantes do movimento social de luta contra a epidemia.

No documento “Saúde no Brasil em 2030”, onde são condensados textos de especialistas, reunidos com a tarefa de fazer diagnósticos de problemas enfrentados na área de saúde, destacam-se os seguintes problemas referentes à reposta do governo contra a aids:
 

1) O programa de aids arrefeceu;
2) Diferente de outros países, o Brasil não consegue diminuir a incidência do HIV e aids, estacionada em patamar muito elevado;
3) É alta a taxa de diagnóstico tardio;
4) A rede pública de serviços de aids está sobrecarregada;
5) Falta vigilância sobre problemas de saúde que afetam as pessoas com HIV em tratamento há muito tempo; e
6) É preciso correção de rumos do programa, para que seja reduzida a transmissão da doença.



“Concordo plenamente. O programa brasileiro de aids estacionou e em alguns aspectos até regrediu”, afirma o representante do Movimento de Aids no Conselho Nacional de Saúde, Carlos Alberto Duarte. “O programa parece que ficou surdo e deixou de ouvir críticas e demandas da sociedade civil, mas se esquecem que o sucesso nacional contra a epidemia foi conseguido também com nosso apoio”, acrescentou o militante.

Carlos cita como retrocesso a retirada de benefícios da aposentadoria e auxílio doença de alguns portadores do HIV e aids que não possuem condições de voltar ao mercado de trabalho; a demora de até cinco meses para marcar exames de CD4 e Carga Viral em alguns Estados; e o aumento de co-infecções da tuberculose e do HIV, que segundo ele, chega a 30% dos soropositivos do Rio Grande do Sul.

O representante do núcleo do Rio de Janeiro na Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids (RNP+), Willian Amaral, acredita que há uma enorme perda de poder político do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. “Hoje quem assina por muitas decisões governamentais relacionadas à aids é o Secretário de Vigilância em Saúde (do Ministério da Saúde), Jarbas Barbosa, e não mais o diretor do Departamento de Aids, no caso o Dr. Dirceu Greco”, criticou.

Para William, a recente censura por parte da Presidência da República de um filme voltado à prevenção do HIV entre os jovens gays no Carnaval, produzido a pedido do Departamento de Aids, comprova a falta de autonomia deste órgão que já foi considerado referência mundial.

Ele citou as críticas do relatório da Fiocruz para comentar que também sempre achou estranho o Brasil ter uma política já estabelecida de acesso universal ao tratamento da aids, mas ainda não ter conseguido diminuir drasticamente o número de novas infecções do HIV. “Era para estarmos colhendo os frutos dessa iniciativa, mas o que vemos hoje são exemplos de ambulatórios super lotados ou fechando, como é o caso da Casa da Aids em São Paulo... Aqui no Rio de Janeiro temos apenas seis leitos exclusivos para pessoas com HIV e aids para ateder toda a cidade”, comentou.

Esdras Rodrigues Gurgel, que já foi representante da RNP+ em Natal e participou da CNAIDS – comissão nacional que assessora o Ministério da Saúde em ações estratégicas contra e epidemia – disse à Agência de Notícias da Aids que se afastou do movimento social por já prever este retrocesso apontado pelo estudo da Fiocruz. “Nós ativistas deixamos de ter participação efetiva e passamos a servir apenas para validar as ações do governo. Eu não aguentava mais fazer parte disso. Não queria ser plateia do governo. Eles levam ativistas para eventos internacionais das Nações Unidas, chamam para viagens e conferências apenas para assinar as decisões já tomadas por eles”, ressaltou.

Segundo ele, há muita subnotificação de casos de HIV e aids nos Estados e municípios, e o Sistema Único de Saúde (SUS) continua sem condições de atender doenças simples. “As pessoas hoje têm medo de descobrir que têm HIV, pois se quando precisam do governo para uma simples virose, já não há bons atendimentos, imagine no caso de uma doença mais complexa, como a aids”, comentou.

Para o Presidente do Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo, Rodrigo Pinheiro, a publicação da Fiocruz vem de encontro ao que o movimento social alertava há anos. “Isto é uma comprovação de que não estávamos errados nas nossas críticas. O programa brasileiro há muito tempo deixou de ser referência para o mundo”, afirmou.

Redação da Agência de Notícias da Aids

Fonte: http://agenciaaids.com.br/noticias/interna.php?id=19083

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