Há 30 anos, uma doença misteriosa começava a espalhar medo entre
os homens homossexuais. O primeiro relato da enfermidade que ataca o
sistema imunológico humano foi registrado em 5 de junho de 1981 num
artigo escrito por Michael Gottlieb, do Centro Médico da Universidade da
Califórnia, em Los Angeles (UCLA).
Era o início da contaminação do vírus HIV, causador da aids. Pouco
depois da primeira publicação, os médicos também comprovaram que a
doença afeta os heterossexuais. De lá para cá, aproximadamente 30
milhões de pessoas morreram vítimas da aids, e mais de 60 milhões se
infectaram, segundo dados das Nações Unidas. Ao longo destas três
décadas, os especialistas ainda não descobriram, no entanto, a tão
desejada vacina contra o vírus.
O primeiro registro
O artigo de Michael Gottlieb descrevia, em duas páginas, o caso de
cinco homens homossexuais que sofriam de uma infecção no pulmão
extremamente rara. Eles receberam tratamento em três diferentes
hospitais de Los Angeles, e dois deles já haviam morrido quando o médico
publicou o estudo.
O primeiro relatório científico fazia referência a uma forma
incurável de imunodeficiência – à época, ninguém sabia que a doença era
causada por um vírus. No Brasil, o primeiro caso se deu ainda em 1980,
mas foi classificado só dois anos mais tarde. Foi também em 1982 que os
médicos identificaram como possíveis fatores de transmissão o contato
sexual, uso de drogas ou exposição a sangue e derivados.
A luta contra a Aids
As Nações Unidas estimam que, a cada dia, 7 mil novas infecções
aconteçam, dentre as quais, em mil crianças. Ainda assim, os números de
novos casos caíram 25% em 33 países entre 2001 e 2009, afirma a Unaids,
órgão da ONU dedicado a combater a doença.
O desenvolvimento de uma vacina contra o vírus HIV ainda é um grande
desafio para cientistas. No entanto, as quatro grandes tentativas de
criar a substância nos últimos 12 anos ajudaram os especialistas a
avançar no conhecimento sobre o sistema imunológico, garante Anthony
Fauci, do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH).
Em 2010, depois de 20 anos de pesquisa, cientistas concluíram que um
gel vaginal ajuda a prevenir a contaminação do HIV. Um estudo com 900
mulheres na África do Sul mostrou que a chamada "camisinha química" –
usada na vagina antes da relação sexual – reduziu em 40% o risco de
infecção.
Por outro lado, novos dados mostram que o tratamento na fase inicial
da contaminação do HIV pode reduzir em 96% a transmissão para o parceiro
sexual. "Por muito tempo, sempre houve essa dicotomia ou tensão
artificial entre tratamento versus prevenção. Agora, está muito claro
que tratamento é prevenção e tratamento é uma parte importante de uma
estratégia multifacetada combinada", argumenta Anthony Fauci.
Os custos
Em 2010, cerca de 16 bilhões de dólares foram gastos no combate à
aids em países pobres e em desenvolvimento, segundo números da ONU. A
Unaids diz que pelo menos 22 bilhões de dólares serão necessários para
lutar contra a doença até 2015, o que ajudaria a evitar 12 milhões de
novas infecções e 7,4 milhões de mortes na próxima década.
Atualmente, 6,6 milhões de pessoas fazem tratamento com
antirretrovirais nesses países. No entanto, nas nações mais pobres, a
maioria dos pacientes ainda não tem acesso a esse tipo de terapia,
segundo a Unaids. Em todo o mundo, 33,3 milhões de infectados convivem
com a aids – em 1999 eram 26,6 milhões. No Brasil, desde o início da
epidemia foram notificados cerca de 545 mil casos.
NP/rts/dpa
Revisão: Marcio Damasceno
Revisão: Marcio Damasceno
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