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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Após 30 anos, vacina contra a aids ainda desafia cientistas

Há 30 anos, uma doença misteriosa começava a espalhar medo entre os homens homossexuais. O primeiro relato da enfermidade que ataca o sistema imunológico humano foi registrado em 5 de junho de 1981 num artigo escrito por Michael Gottlieb, do Centro Médico da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA).

Era o início da contaminação do vírus HIV, causador da aids. Pouco depois da primeira publicação, os médicos também comprovaram que a doença afeta os heterossexuais. De lá para cá, aproximadamente 30 milhões de pessoas morreram vítimas da aids, e mais de 60 milhões se infectaram, segundo dados das Nações Unidas. Ao longo destas três décadas, os especialistas ainda não descobriram, no entanto, a tão desejada vacina contra o vírus.

O primeiro registro
O artigo de Michael Gottlieb descrevia, em duas páginas, o caso de cinco homens homossexuais que sofriam de uma infecção no pulmão extremamente rara. Eles receberam tratamento em três diferentes hospitais de Los Angeles, e dois deles já haviam morrido quando o médico publicou o estudo.
O primeiro relatório científico fazia referência a uma forma incurável de imunodeficiência – à época, ninguém sabia que a doença era causada por um vírus. No Brasil, o primeiro caso se deu ainda em 1980, mas foi classificado só dois anos mais tarde. Foi também em 1982 que os médicos identificaram como possíveis fatores de transmissão o contato sexual, uso de drogas ou exposição a sangue e derivados.

A luta contra a Aids
As Nações Unidas estimam que, a cada dia, 7 mil novas infecções aconteçam, dentre as quais, em mil crianças. Ainda assim, os números de novos casos caíram 25% em 33 países entre 2001 e 2009, afirma a Unaids, órgão da ONU dedicado a combater a doença.
O desenvolvimento de uma vacina contra o vírus HIV ainda é um grande desafio para cientistas. No entanto, as quatro grandes tentativas de criar a substância nos últimos 12 anos ajudaram os especialistas a avançar no conhecimento sobre o sistema imunológico, garante Anthony Fauci, do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH).
Em 2010, depois de 20 anos de pesquisa, cientistas concluíram que um gel vaginal ajuda a prevenir a contaminação do HIV. Um estudo com 900 mulheres na África do Sul mostrou que a chamada "camisinha química" – usada na vagina antes da relação sexual – reduziu em 40% o risco de infecção.
Por outro lado, novos dados mostram que o tratamento na fase inicial da contaminação do HIV pode reduzir em 96% a transmissão para o parceiro sexual. "Por muito tempo, sempre houve essa dicotomia ou tensão artificial entre tratamento versus prevenção. Agora, está muito claro que tratamento é prevenção e tratamento é uma parte importante de uma estratégia multifacetada combinada", argumenta Anthony Fauci.

Os custos
Em 2010, cerca de 16 bilhões de dólares foram gastos no combate à aids em países pobres e em desenvolvimento, segundo números da ONU. A Unaids diz que pelo menos 22 bilhões de dólares serão necessários para lutar contra a doença até 2015, o que ajudaria a evitar 12 milhões de novas infecções e 7,4 milhões de mortes na próxima década.
Atualmente, 6,6 milhões de pessoas fazem tratamento com antirretrovirais nesses países. No entanto, nas nações mais pobres, a maioria dos pacientes ainda não tem acesso a esse tipo de terapia, segundo a Unaids. Em todo o mundo, 33,3 milhões de infectados convivem com a aids – em 1999 eram 26,6 milhões. No Brasil, desde o início da epidemia foram notificados cerca de 545 mil casos.

NP/rts/dpa
Revisão: Marcio Damasceno

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