Um vírus letal que se espalha rapidamente
por todo o planeta, causando pânico e caos entre a população. O tema do
filme Contágio, em cartaz nos cinemas brasileiros, foi debatido ontem,
28 de outubro, por especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Secretaria Municipal
de Saúde e Defesa Civil do Rio. A iniciativa do debate foi da Foundation
for Vaccine Research, uma fundação dos Estados Unidos.
De acordo com o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria
Municipal de Saúde do Rio, Marcio Garcia,o Brasil tem experiência e
conhecimento em vigilância e investigação, que faz do País capaz de dar
resposta razoável contra um vírus letal.
“Temos uma rede nacional de alerta e resposta que, inclusive, é
conectada com a sala dos CDC Centers for Disease Control and Prevention
[Centros de Controle de Enfermidades dos Estados Unidos], que aparece no
filme, em uma rede internacional. Também temos um programa
especializado em investigação de surtos, que é o Epsus, com mais de 100
pesquisadores formados,” disse ele.
A infectologista Patrícia Brasil, da Fiocruz, discorda da análise. Ela
disse que um País que não consegue conter o avanço de doenças já
conhecidas e que podem ser combatidas, como a tuberculose e a dengue, e
sequer tem condições de responder a um vírus como o do filme.
“Na verdade, ninguém está preparado para um vírus como esse [do filme
Contágio]. E nós temos nossos próprios pesadelos, como a tuberculose. Na
epidemia de dengue de 2008, foram mais de 300 mil casos, mais de 40% de
mortes de crianças. Temos a reintrodução da malária. São muitos os
desafios de saúde pública ainda. Nosso sistema de saúde já é caótico,
não só o público, com emergências lotadas. Imagine com uma epidemia de
vírus letal?”, pergunta a pesquisadora.
O pesquisador Mauro Schechter, da UFRJ e membro da entidade que promoveu
o debate, lamentou que se invista tão pouco em pesquisa de novas
vacinas. Ele defendeu o financiamento de organismos multilaterais em
estudos nessa área “Vacina não dá dinheiro. A não ser que seja para
algumas patologias, como HPV, cuja vacina é muito cara. Mas criar uma
vacina para tuberculose ou malária não é rentável, por exemplo. O Estado
tem outros problemas para resolver, como garantir saúde, educação,
segurança e transporte para a população. Por isso, há a necessidade de
esforços internacionais conjuntos”.
De acordo com Schechter, especialista em HIV, para desenvolver uma
vacina contra a aids em dez anos seriam necessários investimentos
adicionais de U$ 5 milhões a U$ 10 milhões por ano sobre o que já se
investe hoje em pesquisa. “O que é feito hoje é insuficiente”, lamentou o
pesquisador.
Fonte: http://www.agenciaaids.com.br/noticias/interna.php?id=17997
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