Cartilha e jogo do diagnóstico ensinam melhor forma de falar aos pacientes infantis sobre doença transmitida de mãe para filho
A alteração do perfil da
epidemia de Aids em São Paulo fez com que a Secretaria da Saúde mudasse o
foco do treinamento de médicos e profissionais de saúde que atuam com
pacientes soropositivos no estado. Por meio do Centro de Referência e
Treinamento em DST/Aids, órgão da pasta, foi elaborado um manual e um
jogo pedagógico que ensinam como falar com os filhos que contraíram o
HIV da própria mãe.
O
material, no estilo "Aids para crianças", será lançado durante o 1º
Encontro Paulista dos Serviços de Assistência Especializada em DST/Aids,
que começa nesta segunda-feira (4), e vai até quinta-feira (7), na
cidade de São Paulo.
No
documento são elencadas as principais informações sobre o atendimento, a
melhor forma de acompanhar os meninos e também as alternativas de
acolhimento da família. De forma simples e direta, o manual orienta
sobre o melhor momento de revelar o diagnóstico para os pequenos, quais
são as implicações do "contar ou não contar sobre Aids" e ainda propõe
um "jogo do diagnóstico".
No
CRT-Aids, um boneco, quatro soldados, um tabuleiro e aparelhos médicos
de brinquedo são usados de forma lúdica. Se a avaliação inicial
identificar que já é o momento de abordar a doença com a criança, estes
instrumentos são usados para contar uma historinha que revela o
diagnóstico. A criança é transformada em super-herói que precisa
combater o vírus.
O
material educativo foi criado após sete anos de estudo com crianças
soropositivas, contaminadas durante a gestação (a chamada transmissão
vertical), e atendidas nos ambulatórios de infectologia especializados
em pacientes infantis. A publicação será distribuída agora nos serviços
de saúde do Estado especializados no atendimento a pacientes
soropositivos.
Atualmente,
no Estado de São Paulo, 78% dos menores de 13 anos que convivem com o
HIV foram expostos ao vírus da Aids na gravidez da mãe ou na
amamentação. Entretanto, o acesso ao pré-natal e o tratamento de
gestantes soropositivas com o coquetel antirretroviral reduziu as
infecções em 90% entre 1996 e 2008.
"A
qualidade da revelação diagnóstica é fundamental para o sucesso do
tratamento, e comunicar e receber o diagnóstico de uma doença grave e
incurável produz inquietações, especialmente quando esta doença está
associada à morte, preconceito e discriminação. Faz-se necessário
conhecimento, habilidade e sensibilidade para realizar esta revelação",
diz a coordenadora do Programa Estadual de DST/Aids, Maria Clara Gianna.
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